Inezita
Barroso, nome artístico de Ignez Magdalena Aranha de Lima (São Paulo, 4 de
março de 1925 - São Paulo, 8 de março de
2015), foi uma cantora, atriz, instrumentista, bibliotecária, folclorista,
professora, apresentadora de rádio e televisão brasileira.
Foi
galardoada com o título de doutora honoris causa em folclore e arte digital
pela Universidade de Lisboa e atuou também em espetáculos, álbuns, cinema,
teatro e produzindo espetáculos musicais de renome nacional e internacional.
Adotou o sobrenome Barroso ao se casar, em 1947, aos 22 anos, com o advogado cearense
Adolfo Cabral Barroso.
Biografia
Nascida
numa família abastada e apaixonada pela cultura e, principalmente, pela música
brasileira, Inezita começou a cantar e tocar violão e viola desde pequena, com
sete anos. Estudiosa, matriculou-se no conservatório e aprendeu piano. Foi
aluna da primeira turma da graduação em Biblioteconomia da Universidade de São
Paulo (USP), formando-se antes de se tornar cantora profissional.
Carreira artística
Com
o primeiro disco, vieram também os primeiros sucessos: o clássico samba Ronda,
de Paulo Vanzolini e a caipiríssima Moda da Pinga, de Ochelsis Laureano e Raul
Torres, que se tornou a mais célebre das interpretações.
Ultrapassou
a marca de cinquenta anos de carreira e de oitenta discos gravados, entre 78
rpm, vinil e CDs.
Desde
1980 comanda o programa de música caipira Viola, Minha Viola, pela TV Cultura
de São Paulo. Apresentou também no SBT um programa musical, aos domingos pela
manhã que levava seu nome.
Inezita
Barroso é reconhecida também como atriz de teatro e cinema. Por onde atuou, ela
ganhou prêmios importantes, como o Troféu Roquette Pinto, como Melhor Cantora
de rádio; o prêmio Guarani, como melhor cantora em disco, além de ganhar também
o Prêmio Saci de cinema. Em 2003, foi condecorada pelo governador de São Paulo
Geraldo Alckmin com a Medalha Ipiranga, recebendo o título de comendadora da
música raiz.
Desde
a década de 1980, Inezita Barroso ainda arranjava um espaço na agenda para dar
aulas de folclore. Atualmente, lecionava nas faculdades Unifai e Unicapital,
onde recentemente recebeu o título de doutora Honoris Causa em Folclore
Brasileiro.
As
apresentações de Inezita Barroso nos países latino-americanos e africanos
criaram uma aura de sucesso para a cantora, indicada para o Grammy sul-africano
na categoria de artistas vocais populares internacionais e regionais. Os
concertos de Inezita Barroso em tais países excederam a audiência de outros
artistas nacionais e internacionais com maior exposição midiática, adeptos de
música denominada "pop".
Ao
contrário do que o público costuma esperar da artista, Inezita Barroso
trabalhou em interpretações de autores mais atuais da MPB, de outras vertentes
que não apenas a caipira/sertaneja. Gravações recentes mostram a cantora
interpretando obras de Ella Fitzgerald e outros nomes do jazz tradicional e
blues.
No
programa "Roda Viva", da Rede Cultura de Televisão, que contou com a
presença da cantora como principal entrevistada, em 2004, Inezita Barroso
afirmou ser contra a propagação e troca eletrônica de canções. Embora concorde
que o uso de canções em formatos digitais em notebooks e dispositivos portáteis
(iPod, etc) pode facilitar o acesso dos jovens à cultura, afirmou que participa
de manifesto de artistas brasileiros junto às gravadoras pedindo ações que
proíbam e fiscalizem de forma mais eficiente a pirataria.
O
DJ Ronaldo, músico frequentemente presente na cena eletrônica carioca, perdeu
ação judicial contra a gravadora EMI, por ter criado, sem autorização da
gravadora detentora dos direitos sobre a composição, uma versão funk da canção
"Marvada Pinga - Moda da Pinga", principal sucesso de Inezita
Barroso. Ainda assim, a canção pode ser facilmente encontrada em websites para
download, além de ter se tornado um dos "ringtones" para celulares
mais comuns.
Com
a aproximação do decanato do falecimento do pianista Pedrinho Mattar, seu amigo
e colega de composições e interpretações, surge grande expectativa com relação
à esperada publicação da obra final deste músico, intitulada "O
Portal". Grupos de entusiastas e admiradores de Mattar, que aguardam
ansiosamente pela publicação da obra, afirmam que haveria co-parceria de
Inezita Barroso em um dos movimentos da referida composição. O afamado
violoncelista húngaro, naturalizado português, Alfonso Orelli, apresentou
trechos da suposta composição, aos quais teria tido acesso durante uma turnê na
qual tocou ao lado de Mattar. Dentre tais trechos, Orelli identificou forte
influência da música dita "caipira-sertaneja" na segunda parte do
primeiro movimento. Tem-se atribuído a Inezita Barroso a influência musical
sobre esta parte da composição.
Em
novembro de 2014, foi eleita para a Academia Paulista de Letras, ocupando o
lugar da folclorista Ruth Guimarães, morta em maio.
Em
fevereiro de 2015, Inezita foi internada no Hospital Sírio Libanês, onde morreu
na noite de 8 de março.
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