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sábado, 21 de julho de 2012

XANGAI (Eugênio Avelino)

Filho e neto de violeiros, nascido no sertão da Bahia, ainda pequeno fixa-se com a família na zona da mata de Minas Gerais. O pai abre uma sorveteria, na cidade de Nanuque, a Xangai, que lhe inpiraria o nome artístico.

Seu avô Avelino era mestre dos mestres dos sanfoneiros da região e faleceu aos 101 anos, tendo transmitido sua maestria ao filho Jany. Viveu tempos na fazenda de seu primo, o compositor Elomar. Aprendeu a cantar aboiando com os vaqueiros. O encontro com Elomar foi decisivo na sua formação artística. Começou a tocar na adolescência. Apesar de herdar do pai e do avô o gosto pela sanfona, acabou optando pelo violão.

Em 1973, mudou-se para o Rio de Janeiro, lá vivendo por mais de dez anos. Chegou a começar a faculdade de economia, mas abandonou para seguir a carreira artística. Considerado por parte da crítica uma das mais belas vozes a serviço da música sertaneja "de raiz".

Apontado por muitos como um aglutinador de linguagens do sertão, em 1976, gravou seu primeiro disco, pela CBS, "Acontecivento", que apresentou como destaque as composições "Asa branca", o clássico de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, "Forró de Surubim", "Marcha-rancho" e "Esta mata serenou", entre outras. Em 1980, lançou, em conjunto com o primo Elomar, Arthur Moreira Lima e outros, o disco "Parceria malunga", pelo selo Marcus Pereira. Em seu disco "Qué qui tem canário", de 1981, interpretou, entre outras, "Curvas do Rio", "Pé de milho" e "Estampas Eucalol", esta última de Hélio Contreras. Seu terceiro disco solo, "Mutirão da vida", em 1984, teve direção musical de Jaques Morelenbaum e acompanhamento do grupo Cumeno cum cuentro, com Jaques Morelenbaum, no celo, Alex Madureira, na viola, Marcelo Bernardes, no sax, clarineta e flauta, e Mingo, na percussão. Contou ainda com a participação especial de Geraldo Azevedo, Hélio Contreras, Marquinhos do Acordeom, Marcos Amma e Paula Martins. Destacaram-se no disco, entre outras, "Fábula ferida", de Jatobá, "O menino e os carneiros", de Geraldo Azevedo e Carlos Fernando, "Ele disse", de Edgar Ferreira, antigo sucesso de Jackson do Pandeiro sobre a carta testamento de Getúlio Vargas, "Violêro", de Elomar, e "Alvoroço", dele e Capinam. O disco trazia sofisticação instrumental e surpresas rítmicas. No mesmo ano, apresentou show no Teatro Castro Alves, em Salvador, acompanhado de Elomar, Geraldo Azevedo e Vital Farias. Do show nasceu o disco ao vivo "Cantoria 1", lançado pela Kuarup, no qual interpretou "Desafio do auto da catingueira", de Elomar, acompanhado do próprio Elomar, "Novena", de Geraldo Azevedo e Marcus Vinícius, que cantou juntamente com Geraldo e Vital, "Cantiga do boi incantado", de Elomar, e "Kukukaya", de Cátia de França. No ano seguinte, com o mesmo grupo, foi lançado o disco "Cantoria 2".

Em 1985, recebeu o prêmio Chiquinha Gonzaga

Em 1986, lançou o disco "Xangai canta cantigas, incelenças, puxulias e tiranas de Elomar", que contou com a participação do próprio Elomar, João Omar, Jaques Morelenbaum. Estão presentes no disco, entre outras composições de Elomar, "Desafio", "A meu Deus um canto novo" e "História de vaqueiros". No mesmo ano, apresentou-se no Rio de Janeiro, no Teatro João Caetano, no show "Um poeta na praça".

Em 1990, lançou "Xangai lua cheia-lua nova", com destaque para "Xote Maria", "Punhos de serpente" e "Estrela do Norte". Em 1991, lançou o disco "Dos labutos", em que interpreta, entre outras, "Não Rio mais", "Bahia de calça curta" e "Xodó de motorista". Em 1996, lançou com Renato Teixeira o disco "Aguaterra", ao vivo, interpretando "Não Rio mais", "Olhos profundos", "João alegre" e "Nas asas do vento".

Em "Cantoria de festa", seu disco de 1997, interpretou o "Nós, é jeca mas é jóia", de Juraildes da Cruz, "Serra da Borborema", "Meu cariri", "Rei do sertão" e outras. Com este disco recebeu o Prêmio Sharp de Melhor Disco do Ano. No mesmo ano, apresentou as músicas desse mesmo disco em shows em São Paulo e no Paraná. Em seus trabalhos, mistura coco, baião, xaxado, xote, toada e ciranda. Procura cantar os sons de sua terra, criando uma música que se mantém longe dos modismos fonográficos, preservando a identidade da chamada "música de raiz". Em 1998 lançou o disco "Um abraço pra ti, pequenina", gravado com o Quinteto da Paraíba, somente com músicas de compositores paraibanos como José Marcolino, Cassiano, Geraldo Vandré, Chico César, Bráulio Tavares e alguns outros, contando com as participações especiais de Vital Farias, Cátia de França e Pedro Osmar. Em 2002, apresentou-se no Mourisco, em Botafogo, dentro do projeto "Xodó carioca". Na ocasião, apresentou-se ao lado da filha Mariá Porto, líder da banda Belladona. No mesmo ano lançou o CD "Brasileirança", gravado com o Quinteto da Paraíba, no qual interpretou, entre outas, "Pequenina", de Renato Teixeira, "Luz dourada", de Juraildes da Cruz e o "ABC do preguiçoso (Ai d'eu sodade)", um de seus maiores sucessos. Também no mesmo ano, apresentou-se com Elomar, Pena Branca, Renato Teixeira e Teca Calazans no show "Cantoria brasileira", no Teatro da UFF, em Niterói, comemorativo aos 25 anos da gravadora Kuarup, transformado pouco tempo depois em CD.

É uma marca de Xangai fazer turnês por todo o Brasil, sozinho e, muitas vezes, acompanhado de outros artistas. Em 2004, apresentou-se com Juraildes da Cruz, no Centro Cultural Banco do Brasil, (RJ), dando o que a crítica denominou de uma verdadeira aula em treze faixas sobre a variada música sertaneja.

A união dos dois artistas foi tão apreciada pelo público que, no mesmo ano, foi lançado, pela Kuarup, o CD "Nóis é jeca mais é jóia, reunindo os dois artistas. Além de áudio, o CD, que tem co-produção de Xangai com Mário Aratanha, também é CD-Rom, com dois vídeoclipes que mostram, em tela de computador, Xangai e Juraildes cantando no estúdio. Os arranjos do disco foram criados na hora das gravações, contando com a interação dos violões do maestro João Omar, responsável pela direção musical do CD, de Juraildes, e de Xangai, o que resultou num trabalho de rara espontaneidade. Também tiveram participação na obra Chico Lobo (viola caipira), Mariá Porto, que cantou "Enfeites de cabocla", Antônio Adolfo(piano e rebeca). No repertório, "Nóis é jeca mais é jóia", música título do CD, que deu a Juraildes o prêmio Sharp em 1997 e que, no disco, é interpretada em duo. Também clássicos como "Desastando nó", e inéditas, como ""Convida eu" (para Bush e Saddam) e "Bolero de Isabel", solada por Xangai em audio e em vídeo. Os dois vídeoclipes foram filmados e montados por Mário Aratanha e produzidos no Rio de Janeiro, na região de Araras, em Petrópolis, onde o CD foi gravado. Em 2005, apresentou-se com Juraildes da Cruz, acompanhados de João Osmar, na Sala Funarte, no Rio de Janeiro.

Seu primeiro DVD "Estampas Eucalol", lançado em 2006, traz uma cantoria de 78 minutos gravada ao vivo no Rio de Janeiro, e uma entrevista de 55 minutos feita em Salvador e ilustrada com depoimentos e números musicais, contando também com participação especial de Elomar (uma de suas raríssimas aparições em video). A produção é ilustrada as Estampas Eucalol, famosas no jogo publicitário dos anos 1950/60 e abrange os maiores sucessos de Xangai, além de algumas inéditas.
Em 2015, gravou seu 17º álbum de carreira.  O lançamento ocorreu na casa de shows Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ), com participação especial da cantora Cátia de França. O disco foi em comemoração do aniversário de 40 anos de seu primeiro disco, “Acontecivento”. Seu repertório apresentou ritmos como o coco, o baião, o xaxado, o xote e a toada.


13 comentários:

  1. essa foi a minha descoberta da semana que vai me render a vida inteira

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  2. Geleiras, obrigado por prestigiar o BRASIL DE DENTRO.

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  3. Obrigado pelas inumeras indicaçoes. abraço!

    Att: Naravan

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  4. Faço coro com o que Geleiras escreveu. Descoberta fantástica. Parabéns.

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    1. Obrigado por prestigiar nosso blog. Vamos tirar o Brasil da gaveta? Curta nossa página no Facebook e compartilhe nossas postagens. Um abraço.

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  5. grande axado amigo, porem nao tem o link para baixar!!

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    1. Claro que tem. O problema é que você não rolou a página para baixo, permanecendo apenas na biografia do artista. Os links para download estão disponíveis abaixo da frase "Tire este álbum da gaveta", logo após a capa de cada álbum. Basta clicar sobre o ícone do canário.

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  6. Minha mãe tá querendo as músicas dele, aproveito pra conhecer também... O que não mata engorda... rsrsrs

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  7. sim, cadê os links pra download, ou essa é uma página meramente informativa?????????

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    1. Rafael, você clicou em "Leia mais", e teve acesso à continuação da biografia de Xangai. Se você só quer baixar os álbuns, selecione novamente Xangai na lista abaixo e vá para a página do artista. Abaixo da biografia de Xangai há a lista de álbuns disponíveis e as opções para download. Cuidado para não clicar novamente em "Leia mais". Um abraço.

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  8. Sou paraense e aqui, no seu blog, descobri muitas preciosidades. Sou assíduo e frequente. Você presta um grande serviço para quem aprecia ou pesquisa a música brasileira. Parabéns.

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  9. Uma joia rara esse blog, meus sinceros parabéns,simplesmente espetacular,resgata a discografia bem como a biografia de grandes, intérpretes e compositores esquecidos da grande mídia mercenária.Como baiano da cidade de Vitória da Conquista,sinto-me contemplado pela discografia de Elomar, Xangai e outros... Um verdadeiro acervo cultural.

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