Por Priscila Roque
Quando a feira termina, é
hora da xepa. Qualquer trocado vale para acabar com as frutas, as verduras e os
legumes. Porém, no nordeste, não é bem assim.
A banda Fim de Feira, natural
de Pernambuco, adotou esse nome em homenagem a um poeta regional chamado Dedé
Monteiro. Em um de seus textos, ele justifica que esse momento é também uma
celebração cultural, não apenas comercial.
Reunindo elementos da cultura
nordestina, como o forró pé de serra, a literatura de cordel e os cantadores de
viola, unidos a bagagem que a banda colheu em 12 países por onde já passou, o
Fim de Feira se tornou conhecido pela ousadia que mostra no palco e a poesia
marcante do vocalista Bruno Lins.
Com 8 anos de estrada e dois
discos lançados, o grupo cresceu na efervecente cena musical pernambucana e
conseguiu espalhar sua música por diversos cantos do País. Um dos reflexos
desse trabalho foi o Prêmio da Música Brasileira, em 2009, que a banda recebeu
na categoria de Melhor Grupo Regional.
A banda pernambucana Fim de
Feira é uma dos mais promissoras do cenário musical atual. Sua sonoridade
regional, misturada a elementos contemporâneos, já levou o grupo a turnês pelo
Brasil, Europa e Caribe. Em 2009, o primeiro disco autoral da banda, "A
Revolução dos Pebas", foi eleito o melhor na categoria de grupo regional
do Prêmio da Música Brasileira, do Minc (Ministério da Cultura).
"De Todo Jeito a Gente
Apanha" foi lançado no ano passado e percorreu o país. "Tocamos em
São Paulo, Minas Gerais, Bahia, e inclusive em Campinas, com show na Casa São
Jorge", conta Lins.
O músico destaca que a versão
física do álbum contou com muita dedicação da banda, formada também por Milton
Pereira (bandolim e guitarra), Jean Elton (baixo), Antônio Muniz (sanfona),
Lucivan Max (percussão) e Márcio Albuquerque (bateria).
Lins discorda das pessoas que
decretam a "morte" do CD.
"Sempre gostei muito de
ter o disco físico e me preocupo para que as pessoas tenham em mãos algo da
banda com um acabamento legal. Em contrapartida, sei que hoje em dia, para que
esta música circule, é importante que ela seja disponibilizada gratuitamente.
Assim, as pessoas de qualquer parte do mundo podem curtir. Neste álbum, nosso
som tem aspectos da música popular brasileira, mas também da world music. Para
mim não é uma questão de estratégia, e sim de realidade de mercado. As pessoas
estão conectadas o tempo inteiro, e é importante para uma banda independente
como a nossa, estar inserida nesta facilidade que a internet permite para
divulgação", explica.
Início
O primeiro CD surgiu em 2008,
quatro anos depois do início do grupo. "Desde então acumulamos diversas
composições feitas neste período. Além disso, começamos a circular mais pelo
Brasil e até para o exterior. O novo disco surgiu da necessidade de dar
procedimento a este material acumulado", observa Lins.
Ele afirma que o disco atual
apresenta sonoridade menos orgânica que o álbum debute.
"É um som mais moderno,
com instrumentações não tão regionais quanto as que vínhamos trabalhando no
primeiro CD. E para 'De Todo Jeito' optamos em trabalhar com o produtor Yuri
Queiroga, que tinha feito um CD de Elba Ramalho, 'Qual Assunto Mais Lhe Interessa',
com o qual ela ganhou um Grammy Latino. É um disco muito interessante porque
traz o conceito da música regional em uma nova visão que dialoga com os
movimentos contemporâneos. Acabamos escolhendo este caminho para a nossa
banda".
Bruno fala sobre a participação
de Elba Ramalho na faixa "Canário Miudinho". "Yuri já a conhecia
e ela sempre foi uma grande referência, não para a banda, mas para a música
nordestina, porque além de intérprete ela tem uma atitude diferenciada com a
nossa música", elogia.
O músico conta que o grupo
está preparando um DVD para gravação ainda este ano, em comemoração aos 10 anos
de carreira, que serão celebrados em 2014.
"Entre outubro e
novembro vamos produzir isto. Já fizemos a captação de verba por meio da Lei
Rounet, e vamos fazer um show ao vivo com toda a trajetória da banda. Atrelado
a isso, vamos gravar também um disco com 12 faixas, e cada uma será gravada com
um artista que seja referência para nós, desde a nova geração até os mais
antigos. Como nosso trabalho é autoral, queremos dar uma nova roupagem a estes
trabalhos", observa.
Além disso, também no ano que
vem, o grupo foi convidado para integrar a programação do "Fifa (Federação
Internacional de Futebol Associado) For Fest", programação oficial da Copa
do Mundo em Recife.
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