Sérgio Moraes Sampaio
(Cachoeiro de Itapemirim, 13 de abril de 1947 — Rio de Janeiro, 15 de maio de
1994) foi um cantor e compositor brasileiro. Suas composições variam por vários
estilos musicais, indo dos folclóricos samba e choro, ao rock'n roll, blues e
balada. Sobre a poética de suas composições, em que se vê elementos de Kafka e
Augusto dos Anjos, que lia e apreciava, declarou num estudo Jorge Luiz do
Nascimento: “A paisagem urbana em geral, e a carioca em particular, na poética
de Sérgio Sampaio, possui a fúria modernista. Porém, o espelho futurista já é
um retrovisor, e o que o presente reflete é a impossibilidade de assimilação de
todos os índices e ícones da paisagem urbana contemporânea.”
FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rgio_Sampaio
No dizer do cantor Lenine,
Sampaio foi um nome marginalizado que equipara a Tim Maia e Raul Seixas, como
um dos “malditos” da música popular brasileira.
Filho de Raul Gonçalves
Sampaio, dono de uma tamancaria e maestro de banda, e de Maria de Lourdes Moraes,
professora primária, era primo do compositor Raul Sampaio Cocco, autor de
sucessos na voz do conterrâneo Roberto Carlos. Ali assistiu o pai compor a
canção “Cala a boca, Zebedeu”, quando tinha 16 anos e que veio a gravar mais
tarde. Tocando violão, era um artista nato que buscava mostrar seus trabalhos –
“Ele estava sempre sedento para mostrar suas músicas, precisava de uma orelha e
nunca fez doce para tocar”, como registrou seu primo João Moraes.
Aficcionado pelos programas
de rádio, onde acompanhava os cantores da época como Orlando Silva, Sílvio
Caldas ou Nelson Gonçalves, que o inspiravam, veio a tornar-se imitador de
radialistas como Luiz Jatobá e Saint-Clair Lopes, conseguindo trabalho numa
emissora da cidade natal, a XYL-9. Em 1964 tentou trabalhar no Rio de Janeiro
na Rádio Relógio, retornando após quatro meses.
Em fins de 1967 muda-se
definitivamente para o Rio, inicialmente para tentar a carreira como
radialista, embora não tenha conseguido firmar-se em nenhum trabalho por
frequentar a vida boêmia carioca, atraído pela música e a bebida; mora em
pensões baratas e até na rua, chegando a mendigar comida.
Sergio tinha passado a cantar
à noite, em bares, até que em fevereiro de 1970 demite-se da Rádio Continental
para dedicar-se integralmente à música. Candidata-se no Festival Fluminense da
Canção, etapa do Festival Internacional da Canção (III FIC) daquele ano,
ficando entre os vinte finalistas com a música “Hei, você”.
No Rio de Janeiro conhece o
baiano Raul Seixas, então produtor musical da gravadora CBS (atual Sony Music),
dando início a uma longa amizade e parceria. Raul é considerado o “descobridor”
do artista. Após ter feito um teste junto ao parceiro de Paulo Diniz, Odibar,
acabou contratado no lugar deste, no ano seguinte, participando de diversas
gravações, como parte do coro de Renato e seus Blue Caps.
Assina, com o pseudônimo de
Sérgio Augusto, a letra da canção “Sol 40 graus”, gravada pelo Trio Ternura e
que foi sucesso em 1971. O Trio gravou outras de suas composições, como “Vê se
dá um jeito nisso” - uma parceria com Raulzito, com quem partilhou também “Amei
você um pouco demais”, gravada por José Roberto. Raul produz seu primeiro
compacto em que Sérgio experimenta algum sucesso com “Coco Verde”, logo
regravada por Dóris Monteiro.
Volta a Cachoeiro em julho,
onde participa do “II Festival de MPB”, vencendo em primeiro lugar e ocupando
também a quarta colocação. Dá início com Raul Seixas à produção de um projeto
de ópera-rock, que tem as letras mutiladas pela censura do Regime Militar.
Apesar disto as canções integram o primeiro disco de Raul Seixas: Sociedade da
Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez, em que participam Míriam
Batucada e Edy Star.
Tenta mais uma vez vencer a
quarta edição do FIC, no Maracanãzinho, com a música “No Ano 83”, sendo
eliminado na etapa inicial.
Começa a gravar, finalmente,
em 1972, ano em que sua canção “Eu quero é botar meu bloco na rua” participa do
IV FIC e integra um compacto do Festival, que graças a ela vende 500 mil
cópias, tornando-se sucesso no carnaval de 1973, e rendendo a Sérgio o Troféu
Imprensa como revelação de 72, na Rede Globo, emissora em que trabalhava o
apresentador Sílvio Santos.
Em 1973 lança seu primeiro LP
pela Philips, produzido por Raul e com o nome da canção de sucesso, com vários
músicos de renome; o disco fracassa nas vendas, apesar da sua aparição em
programas de televisão e da boa execução de canções como “Cala a boca,
Zebedeu”, de seu pai, nas rádios.
Casou-se em 1974 com a também
capixaba Maria Verônica Martins, afastando-se da carreira por algum tempo; o
casamento durou até o final da década. Tinha lançado, neste ano, com produção
de Roberto Menescal, um compacto em que contraditoriamente reverencia e critica
o conterrâneo Roberto Carlos.
Em 1975 lança, agora pela
gravadora Continental, outro compacto. No ano seguinte grava seu segundo LP,
chamado “Tem que acontecer”, e que conta com participações de artistas como
Altamiro Carrilho e Abel Ferreira. Em 1977 mais um compacto pela Continental –
“Ninguém vive por mim”, último por essa gravadora. Realiza shows e tem
composições gravadas por artistas como Zizi Possi, Marcos Moran e Erasmo
Carlos, ficando cinco anos longe dos estúdios.
Novamente se casa em 1981,
com a arquiteta Ângela Breitschaft, com quem teve o filho João, afilhado de
Xangai, separando-se em 1986. A família da esposa patrocinara, em 1982, a
gravação do compacto “Sinceramente”, sem gravadora.
Completamente afastado da
mídia, após a separação volta para a casa paterna e em seguida para o Rio. A
carreira só experimenta um recomeço quando se muda, no começo da década de 1990
para a Bahia, quando velhos sucessos são novamente lançados por Elba Ramalho,
Luiz Melodia, Roupa Nova e outros. Em 1994 acerta com a gravadora Baratos Afins
o lançamento de um disco com músicas inéditas, mas por consequência da vida
desregrada, falece de pancreatite antes de concretizar o projeto.
Homenagens
Ainda em 1975 tem um
curta-metragem sobre sua vida exibido no Rio de Janeiro. Diversas homenagens
ocorreram ao longo do tempo, em memória do artista, dos quais se destacam:
Show “Balaio do Sampaio” -
1996, Rio de Janeiro, com cantores como Alceu Valença, Jards Macalé e outros, e
poetas e músicos como Chico Caruso, Euclides Amaral, etc.
CD “Balaio do Sampaio” -
1996.
“Eu quero é botar meu bloco
na rua” - 2000, biografia autorizada, por Rodrigo Moreira, Editora Muiraquitã
CD póstumo “Cruel” - 2005,
lançado por Zeca Baleiro.
“Velho bandido - O bloco de
Sérgio Sampaio” - 2009, peça musical apresentada no Teatro de Arena.
CD “Hoje Não!” - 2009, 12
canções do Sérgio Sampaio (sendo uma delas inédita) interpretadas por Juliano
Gauche & Duo Zebedeu.
DISCOGRAFIA
Álbuns
Eu quero é botar meu bloco na rua (LP, Philips, 1973)
(reeditado como CD em 2001
pela Mercury/Universal Music, sob número 73145429932)
Tem que Acontecer (LP, Continental, 1976, reeditado em CD pela Warner Music em 2002)
Sinceramente
(LP, 1982)
Cruel (CD,
2006)
Antologias e participações
Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das
10 (LP, CBS, 1971)
(reeditado em CD pela Sony Music em 2010) (com
Raul Seixas, Miriam Batucada e Edy Star)
Eu quero é botar meu bloco na rua (primeira gravação)
Phono 73 (LP, 1973) (Philips)
Eu quero é botar meu bloco na rua (ao vivo)
Convocação geral nº 2 (LP, 1975) (Som Livre)
Cantor de Rádio
Balaio do Sampaio (CD, 1998) (MZA/Polygram)
Sergio Sampaio
(CD, 2002) (Série Warner 25 Anos)
Compactos simples
Coco verde/Ana Juan (1971) CBS
Classificados nº 1/Não adianta (1972) 33745
Eu quero é botar meu bloco na rua (1972) Phillips/Phonogram
Meu pobre blues/Foi ela (1974) 6069 090
Velho bandido/O teto da minha casa (1975) 1-01-101-155
Ninguém vive por mim/História de boêmio (Um abraço em
Nélson Gonçalves) (1977) 101-101-264
VIDEOGRAFIA
Cachoeiro em Três Tons
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