A
relação de Adiel Luna com a música vem de berço. Sua bisavó era cantadeira de
casa de farinha e conheceu seu bisavô animando uma farinhada. Seu avô era um
entusiasta da cantoria de viola e seu pai – assim como alguns tios e primos – é
poeta e repentista. Cresceu assistindo as madrugadas de cantoria no sítio da
família e desfrutou deslumbrado desse ambiente onde a brincadeira, a festa,
acontece de forma genuína.
À
medida que foi se apaixonando pela poesia tradicional e se debruçando sobre
ela, foi descobrindo outros tipos de manifestações que não faziam parte do
terraço de casa, mas que acabaram sendo levadas por cantadores com quem
esbarrou por ali. É assim: tem cantador que é também maracatuzeiro. Tem
cantador que é também coquista. Outro que mexe com as toadas de gado. E assim
foi se ampliando o universo.
Abraçando
a poesia e a música como paixão e profissão, esteve atento e disposto a
assimilar, aperfeiçoar e aprender modalidades novas da poética tradicional
cantada e de suas variações regionais.
Hoje,
é coquista, mestre de baque solto, violeiro, cantador repentista e cordelista.
Sua bagagem como brincante e seu diálogo constante e respeitoso com os mestres,
as práticas, os terreiros tradicionais e as oralidades destas manifestações
marca seu diferencial, permitindo-o passear com uma agilidade ímpar no
improviso.
A
este acumulo, acrescenta uma renovação, típica de quem saiu do campo para a
cidade e que não pode – nem quer – desconsiderar as influências urbanas. O
contato entre esses dois domínios resulta num trabalho extremamente original e
sofisticado.
Seu
repertório autoral passeia por contextos nordestinos e elementos singulares de
sua identidade – paisagens, religiosidade, cotidiano, histórias, sonoridades –,
numa dinâmica rara, refinada e bastante rica.
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