BORGHETTI PARA O MUNDO
Poucos sabem que Renato Borghetti é hoje um dos artistas brasileiros de mais solida carreira internacional. De 2003 a 2006 , chegou a fazer duas, três e até quatro turnês anuais.
Borghetti e seu grupo
estrearam no Festival de Verão de Bolonha a turnê européia de 2007, que durante
quase um mês percorre outras sete cidades italianas, passando ainda por
festivais na Croácia, Republica Tcheca, Áustria e Alemanha. Na Áustria, onde se
apresenta regularmente desde 2000, Renato se sente em casa, pois não há cidade
em que não tenha tocado.
“Lá tenho até um fã clube, as
pessoas vão a tudo que é show, saem de Viena para assistir em cidades do
interior e vice-versa, sempre lotando os lugares”, conta. Este ano, o mano e
empresário Marcos Borghetti marcou só uma temporada européia para poder atender
a compromissos no Brasil e finalizar o segundo DVD, Fandango, com show de
lançamento previsto para outubro, no Teatro do Bourbon Country.
No verão europeu, as
apresentações são na maioria ao ar livre, para milhares de pessoas; mas também
teatros, clubes de jazz, casas noturnas e centros culturais daqueles países e
da França, Portugal, Hungria, Holanda, Eslovênia, Bélgica, Suíça tem programado
a musica do gaucho. Para os que gostam de rótulos e classificações (como os
jornalistas), o instrumental, o instrumental de Borghetti costuma entrar nos
arquivos de etnomusic, world music, jazz fusion. Mesmo tendo na essência ritmos
como vanerão, chote, milonga e chamamé, não causa nenhum estranhamento. Até
pelo contrario : “ A sonoridade do acordeon é familiar para o público europeu,
e como partimos de nossas raízes para uma música mais elaborada, uma coisa mais
jazzística, a aceitação é total. São normalmente shows longos, não saímos sem
fazer três a quatro bis, temos que voltar para o palco sem os instrumentos, se
não nos pedem para tocar mais”.
As formações do grupo
alternam quartetos, quintetos e sextetos. Na turnê européia deste ano, atua o
quarteto, com Daniel Sá nos violões, Pedrinho Figueiredo na flauta e sax e
Vitor Peixoto nos teclados. Em outras circunstancias, entram Hilton Vaccari,
(violão ritmo), Ricardo Baumgarten (baixo), Caco Pacheco (percussão) e
Marquinhos Fê (bateria). É uma turma que se entende as mil maravilhas, cevada
em estradas, aeroportos, palcos, bares e hectolitros de mate e cerveja na
Fazenda do Pontal. A sala de grandes janelas da casa de campo dos Borghetti, à
beira do Guaíba, em Barra do Ribeiro, foi transformada em estúdio de gravação
para o DVD, que vai mostrar um Renato em meio a paisagens do Rio Grande,
contando sua história desde o inicio, surpreendentemente falante. Se forem
ouvidos no DVD sons de chuva e vaca mugindo, é porque ele faz justiça à
natureza, em meio à qual foi criado.
“Não vamos limpar nada”,
garante. Os 22 discos anteriores do gaiteiro foram feitos em estúdios urbanos.
Desta vez, ele resolveu fazer o caminho inverso, levando para o ambiente rural
a mais moderna tecnologia. Com direção do bamba Rene Goya Filho, o DVD é o
primeiro produzido no Rio Grande do Sul no formato HD (High Definition).
Na Europa, o disco Fandango
será lançado em 2008, durante a grande turnê em que Borghetti comemorará 10
anos de shows no continente. Suas primeiras apresentações foram em 1998, em
Portugal e na França. Já a primeira viagem internacional foi em 1990, para
shows no S.O.B.´s, de Nova York. Em 1995, estreou no Uruguai e na Argentina. Em
1999, voltou a França. No ano seguinte, de novo Portugal, França e o inicio do
idílio com o público austríaco. A partir daí, dezenas de carimbos de
passaporte: Viena, Innsbruck, Linz, Paris, Toulon, Berlin, Munique, Bremen,
Budapeste, Lisboa, Praga, Florença, Padova, Lubliana, etc... Nos EUA foram duas
vezes em 2006, uma delas no Festival do Acordeon de San Antonio, no Texas.
Borghetti é cada vez mais
atração internacional também em festivais do instrumento, ao lado de estrelas
como o italiano Ricardo Tesi, o irlandês Martin O´Connor, o português Artur
Fernandes, o espanhol Kepa Junqueira. Um deles, talvez dois, poderá vir ao
Brasil, em 2009, para participar das comemorações dos 25 anos de lançamento da
estréia em LP de Renato, com aquele álbum que, vendendo mais de 100 mil cópias,
ganhou o primeiro disco de ouro da musica instrumental brasileira.
JUAREZ FONSECA - Revista Aplauso / Edição 85 - Ano 2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário