Cantor. Compositor.
Jornalista. Pintor. Começou a interessar-se por música ainda menino. Na
adolescência começou a freqüentar as rodas de boêmia no bairro de Casa Amarela,
onde ficava o colégio em que estudava. Conheceu, nesse período, o artista
Minona Carneiro, cantador de emboladas que lhe ensinou os segredos da arte de
cantá-las. Em 1930, engajou-se como soldado na luta revolucionária que sacudia
o país. Seu pelotão marchou até a Bahia, onde chegou com o conflito entre
forças legalistas e revolucionárias já encerrado. Sua tropa recebeu como prêmio
uma viajem até o Rio de Janeiro. Na então capital federal, apresentou um pouco
de sua vocação de cantador de emboladas, apresentando-se em alguns cassinos.
Pouco depois retornou para Pernambuco.
De retorno a Pernambuco,
saindo do Rio de Janeiro, viu embarcarem em seu navio na Bahia, os consagrados
artistas Carmen Miranda e Almirante, além de Josué de Barros e seu filho
Betinho. Conheceu o quarteto durante uma roda musical a bordo do navio. Recebeu
o incentivo da cantora Carmen Miranda e a promessa do violonista Josué de
Barros, de lançá-lo no Rádio. Em 1933, voltou para o Rio de Janeiro, sendo
hospedado por Josué de Barros em sua casa, em Santa Teresa. Pouco depois
começou a apresentar-se na Rádio Mairynk Veiga, onde recebeu de Ademar Casé,
apresentador do famoso programa "Casé", o convite para assinar um
contrato de exclusividade. Ainda em 1933, gravou seu primeiro disco, pela
gravadora Odeon, interpretando as emboladas "A minha "prantaforma"
e "Se eu fosse interventor", ambas de sua autoria. Em 1936,
participou do filme "Maria Bonita", de Julien Mandel, onde
interpretou as emboladas "De fazê admirá", de Benedito Lacerda e
"Segura o gato", de sua autoria e José Carlos Burle. Atuou em
diversos outros filmes, entre os quais, "Tudo azul" e "Laranja
da China". Tomou parte ainda em cerca de 22 cinejornais da Atlântida, onde
aparecia ao final dos noticiários, cantando um verso de embolada ou contando
uma história. Em 1937 gravou a marcha "Um sonho que durou três dias",
dos Irmãos Valença. Em 1939, gravou o samba "Dona Carola", de João da
Baiana e Francisco Santos. Em 1941, gravou as marchas "Onde vai a
corda" e "Pega-me no colo" em parceria com Felisberto Martins.
No mesmo ano, gravou a embolada "Futebol na roça" e o samba
"Generosa", ambas de sua autoria. Em 1942, gravou com o cantor e
compositor mineiro De Morais a toada "Gavião do mar", parceria da
dupla, e a valsa "Minas Gerais", que se tornaria o hino popular do
estado de Minas Gerais. Em 1943, gravou o samba "Eu vi pau roncar",
dele e João da Baiana. No mesmo ano, gravou a rancheira "Rancheira da
roça", em parceria com João de Souza. Em 1944, gravou a embolada "Ai
Maria", de Luperce Miranda e Minona Carneiro. Em 1945, gravou um de seus
maiores sucessos, o samba "Dezessete e setecentos", de Luiz Gonzaga e
Miguel Lima. Em 1951, Linda Batista gravou o coco "Bambu", de sua
autoria e Fernando Lobo e o samba "Ó de penacho", de sua autoria e
Armando Cavalcanti. Em 1952, teve a toada "Adeus Pernambuco", em
parceria com Hervê Cordovil, gravada por Luiz Gonzaga. No mesmo ano, o samba
"Salgueiro mandou me chamar", em parceria com Dozinho, foi gravado
por "Os Cariocas". Em 1956, gravou outro de seus grandes sucessos, a
embolada "Cuma é o nome dele", de sua autoria, que servia de prefixo
para suas apresentações em shows por todo o país. Trabalhou em diversas rádios,
entre elas, a Tupi, onde permaneceu por sete anos. Foi um dos pioneiros na
gravação de jingles no Brasil, cantando em propagandas de produtos Lifeboy. Foi
contratado para esse fim pela fábrica de óleos Peroba para cantar duas vezes
por semana, uma na Rádio Nacional e outra na Rádio Mayrink Veiga, sendo
pioneiro também nesse gênero de contratação. Apresentou diversos programas
radiofônicos, entre os quais, "Pandemônio" na Rádio Tupi do Rio de
Janeiro. Atuou, ainda, como jornalista, escrevendo para a Revista do Rádio a
coluna "Rua da Pimenta". Ao longo de sua carreira, gravou diversas
emboladas, muitas das quais faziam uma espécie de crônica bem-humorada das situações
sociais e políticas, como em "A minha "prantaforma", "Se eu
fosse interventô" e "As metraia dos navá". Gravou também cocos,
frevos e sambas. Apresentou-se pelo Brasil afora cantando em diversos cassinos.
Em 1954, discordando de diversos aspectos ligados ao meio artístico, entre os
quais a auto-promoção dos fãs-clubes, resolveu abandonar o rádio e a carreira
artística de vinte anos. Realizou um grande show no Tijuca Tênis Clube, ao qual
compareceram cerca de 15 mil pessoas, entre amigos, artistas e admiradores. Com
o dinheiro arrecadado neste show, montou o restaurante "Cabeça
Chata", no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, com atrações típicas
do Nordeste, realizando também ali seus shows. Em princípio dos anos sessenta,
começou a pintar. Em 1962, fechou seu restaurante no Rio, tranferindo-se para
São Paulo, onde abriu outro restaurante com o mesmo nome na Rua Augusta. Também
neste ano, entretando, encerrou o negócio para dedicar-se integralmente à
pintura. No mesmo ano, Jackson do Pandeiro gravou com enorme sucesso o rojão
"Como tem Zé na Paraíba", de sua parceria com Catulo de Paula. Foi
aclamado como "O Rei da embolada", ao longo de quase toda sua longa
carreira artística. Em 2002 foi homenageado , com todo um quadro, no espetáculo
"Marleníssima", escrito e dirigido por R. C. Albin e encenado no
Teatro Rival BR, em que a cantora Marlene lhe recordou suas principais
composições por ela gravadas. Em 2007, teve a sua música "Cajueiro
doce" (c/ Antônio Maria) gravada por Chico Salles, no CD "Tá no sangue
e no suor".
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