Os Madredeus são um dos
grupos musicais portugueses de maior projeção mundial. A sua música combina
influências da música tradicional portuguesa com a música erudita e com a
música popular contemporânea.
A musicalidade do grupo
sempre foi erroneamente referida como fado, género musical português mais
conhecido internacionalmente, sobretudo pela imprensa fora de Portugal. O grupo
nunca se descreveu desta forma, ainda que declarasse existir uma aproximação ao
“espírito musical” do fado.
Nos seus vinte anos de
carreira, os Madredeus lançaram 14 álbuns e estiveram em turnê em 41 países -
incluindo a Coreia do Norte e um festival de música na Noruega, dentro do
Círculo Polar Ártico.
Surgimento
Os elementos fundadores do
grupo foram: Pedro Ayres Magalhães (guitarra clássica), Rodrigo Leão
(teclados), Francisco Ribeiro (violoncelo) falecido em Setembro de 2010,
Gabriel Gomes (acordeão) e Teresa Salgueiro (voz). Magalhães e Leão formaram o
grupo em 1985, Ribeiro e Gomes juntaram-se a eles em 1986. Na sua busca por uma
vocalista, descobriram Teresa Salgueiro numa casa nocturna de Lisboa, quando
esta cantava alguns fados numa reunião informal de amigos. Teresa foi convidada
para uma audição e aí surgia o grupo, o qual ainda não tinha um nome. A
proposta inicial era a de uma oficina criativa, à qual todos os músicos levavam
suas ideias e compunham em conjunto os temas e arranjos. Em 1987, o local de
trabalho do grupo, o Teatro Ibérico (antiga igreja do Convento das Xabregas,
num bairro de Lisboa chamado Madredeus) serviu de estúdio de gravação para mais
de quinze temas reunidos à época em um LP duplo, depois convertido para o
formato de CD. Chamaram-no de Os dias da Madredeus e daí viria o nome do grupo.
O carácter inovador do álbum fez com que os Madredeus se tornasse um fenómeno
instantâneo de popularidade em Portugal à época.
Primeira fase
Em 1990 foi editado o segundo
disco dos Madredeus, Existir, que teve na canção O Pastor um grande sucesso.
Apesar disso, o grupo era relativamente desconhecido no estrangeiro. Isto mudou
quando os Madredeus deram uma série de concertos na Bélgica onde decorria a
Europália, uma exposição que no ano de 1991 foi dedicada à cultura portuguesa.
Outro facto que contribuiu para que os Madredeus se tornassem conhecidos no
estrangeiro foi o uso da canção "O Pastor" num filme publicitário na
Grécia, à revelia do grupo. Seguiu-se um disco gravado ao vivo em Lisboa, no
qual o grupo interpretava canções dos dois primeiros discos e incluía novos
temas, um dos quais ("Mudar de Vida") com a participação dos
guitarristas Carlos Paredes e Luísa Amaro.
Em 1994 a banda lança O
Espírito da Paz, um álbum que consolida o grupo no estrangeiro. O disco
alcançou o primeiro lugar das tabelas de Espanha e levou o grupo a uma longa
digressão internacional, a qual incluiu o Brasil e alguns países do Extremo
Oriente.
Durante as sessões de
gravação de O Espírito da Paz, que decorreram em Inglaterra, os Madredeus
gravaram outro disco, que seria editado em 1995. Wim Wenders, impressionado com
a música do grupo, tinha-os convidado para musicarem um filme sobre Lisboa,
chamado Lisbon Story (no Brasil, "O Céu de Lisboa"; em Portugal,
"Viagem a Lisboa"), do qual o grupo foi protagonista. A banda sonora
deu ao grupo ainda maior projecção internacional.
Segunda fase
Em 1995, incorporam-se nos
Madredeus os músicos Carlos Maria Trindade, no lugar do teclista Rodrigo Leão,
e o guitarrista José Peixoto. Em 1996, Francisco Ribeiro e Gabriel Gomes deixam
o grupo e em 1997, os Madredeus gravaram o primeiro álbum com a atual formação,
intitulado O Paraíso. No mesmo ano ingressa no grupo Fernando Júdice (baixo
acústico).
Em 1998, o grupo foi
convidado a ser a atração do concerto de abertura da Expo'98 em Lisboa, ocasião
na qual se apresentaram ao lado do tenor espanhol José Carreras. A parceria
inusitada renderia outros encontros futuros.
O ano de 2000 marcou o
lançamento do álbum Antologia, com canções de toda a discografia do grupo até
então e mais duas canções inéditas: Oxalá e As Brumas do Futuro, tema do filme
de estreia da actriz portuguesa Maria de Medeiros como directora,
"Capitães de Abril", sobre a Revolução dos Cravos.
Em 2001, o grupo lança
Movimento, o segundo álbum de estúdio com a nova formação, e depois deste
alguns álbuns experimentais que causaram acaloradas discussões entre os fãs e
críticos: "Electrónico", uma compilação de versões electrónicas das
canções do Madredeus feitas por alguns dos músicos electrónicos de mais
prestígio da Europa, e Euforia, um álbum duplo com canções gravadas ao vivo pelo
grupo com a "Vlaams Symfonisch Radio-orkest", Orquestra Sinfónica da
Rádio Flamenga, da Bélgica.
Em 2004, os Madredeus entram
em estúdio e de lá saíram canções suficientes para dois álbuns: "Um Amor
Infinito", dedicado aos fãs de todo o mundo, e "Faluas do Tejo",
este último sendo considerado uma homenagem à cidade de Lisboa, terra natal do
grupo.
Ano sabático e projetos
paralelos
O ano de 2007 foi um ano
sabático para o Madredeus. Seus integrantes desenvolveram projetos paralelos ao
trabalho da banda, como Teresa Salgueiro, que lançou naquele ano dois álbuns,
ambos produzidos por Pedro Ayres Magalhães, e a dupla José Peixoto e Fernando
Júdice, que criaram o grupo Sal unindo-se à voz de Ana Sofia Varela e a
percussão de Vicky.
Os integrantes do Madredeus
sempre tiveram liberdade para conduzir projetos paralelos ao grupo: Carlos
Maria Trindade, Pedro Ayres Magalhães, José Peixoto e Fernando Júdice actuam
frequentemente como produtores musicais. Trindade e Peixoto tem sólidas
carreiras como solistas e, mais recentemente, José Peixoto e Fernando Júdice
têm trabalhado em projetos conjuntos, como o álbum Carinhoso, no qual os dois
músicos revisitam o repertório do compositor brasileiro Pixinguinha, e o
supracitado grupo Sal.
Em 28 de Novembro de 2007,
porém, o anúncio da saída de Teresa Salgueiro, Fernando Júdice e José Peixoto
tomou os fãs do grupo de surpresa. Pedro Ayres Magalhães declarou à época que o
futuro do grupo era incerto e que, na opinião dele, tornar-se-ia difícil pensar
em um retorno sem a presença de Teresa Salgueiro, cuja voz se tornou
emblemática para os Madredeus.
Madredeus & A Banda Cósmica
Em 2008, os Madredeus lançam
um novo álbum, "Metafonia". Após a saída de Teresa Salgueiro,
Fernando Júdice e José Peixoto, Pedro Ayres Magalhães e Carlos Maria Trindade
decidiram-se por não substituir esses músicos, mas sim criar um novo ensemble
ao qual chamaram A Banda Cósmica, formada pelas cantoras Rita Damásio e Mariana
Abrunheiro, Ana Isabel Dias na harpa, Ruca Rebordão na percussão, Sérgio
Zurawski na guitarra eléctrica, Gustavo Roriz no baixo e contrabaixo, Babi
Bergamini na bateria e Jorge Varrecoso como violinista convidado. Entretanto,
este último participou apenas da temporada de lançamento do grupo no Teatro
Ibérico, sendo substituído pelo violinista António Barbosa, que passou a fazer
parte efectiva do grupo. Da última formação, apenas se mantiveram Pedro Ayres
de Magalhães e Carlos Maria Trindade. O grupo lançou em 2009 o segundo álbum,
"A Nova Aurora" mantendo a mesma formação. Em 2010 é lançado Castelos
na Areia e é anunciado o fim do ciclo dos Madredeus iniciado com a Banda
Cósmica.
Madredeus e os países lusófonos
No Brasil, o grupo ficou
conhecido pelo grande sucesso de suas apresentações em casas de espetáculo por
todo o país - sempre com lotação esgotada, em que pese a quase ausência das
músicas do grupo nas rádios brasileiras - e também por suas apresentações ao ar
livre, com destaque para os concertos que realizou no Pelourinho, em Salvador,
Bahia (1995), na Praia de Icaraí, em Niterói, estado do Rio de Janeiro (1997) e
no Parque do Ibirapuera, São Paulo, e na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro
(2000), ambas por ocasião das comemorações dos 500 anos de descobrimento do
Brasil. As canções do grupo também já foram tema de diversas produções televisivas
no Brasil como a minissérie da Rede Globo de Televisão "Os Maias"
(2001) (com as canções "Matinal", "Haja o que Houver",
"As Ilhas dos Açores" e a canção que se tornou o tema de abertura da
referida produção televisiva, a emblemática "O Pastor").
O grupo também já se
apresentou em Angola, Cabo Verde e Macau.
Membros do Grupo
Teresa Salgueiro
Pedro Ayres Magalhães
Rodrigo Leão
Carlos Maria Trindade
Francisco Ribeiro
Gabriel Gomes
Fernando Júdice
José Peixote
DISCOGRAFIA
Álbuns de estúdio
Os Dias da MadreDeus (1987)
Existir (1990)
O Espírito da Paz (1994)
Ainda (1995, banda sonora do
filme Lisbon Story de Wim Wenders)
O Paraíso (1997)
Movimento (2001)
Um Amor Infinito (2004)
Faluas do Tejo (2005)
Madredeus e A Banda Cósmica
Metafonia (2008)
A Nova Aurora (2009)
Castelos na Areia (2010)
Ao vivo
Lisboa (1992, ao vivo,
gravado no Coliseu dos Recreios em Lisboa)
O Porto (1998, ao vivo,
gravado no Coliseu do Porto)
Euforia (2002, ao vivo, com a
participação da Flemish Radio Orchestra)
Compilações
Antologia (2000, colectânea
com duas canções inéditas)
Palavras Cantadas (2001,
colectânea direccionada ao público brasileiro e abrangendo o trabalho do grupo
entre os anos de 1990 e 2000)
Remixes
Electronico (2002) -
releitura electrónica de vários temas do grupo
Videografia
Les Açores de Madredeus
(1995) - documentário francês sobre o Madredeus filmado nos Açores, em VHS e
DVD
Lisbon Story (1995) (Viagem a
Lisboa, Portugal; O Céu de Lisboa, Brasil) - filme escrito e dirigido por Wim
Wenders, em VHS e DVD
O Espírito da Paz (1998) -
VHS
O Porto (1998) - concerto ao
vivo no Coliseu do Porto, em VHS
Euforia (2002) - concerto ao
vivo do Madredeus com a Flemish Radio Orchestra, em DVD
Mar (2006) - registo da
apresentação do Madredeus e do Lisboa Ballet Contemporâneo, em DVD
Metafonia - Ao Vivo no Teatro
Ibérico (2009)
Regravações
As canções do Madredeus têm
ganhado regravações feitas por diversos artistas:
A cantora portuguesa Marta
Dias gravou O Sonho, do álbum O Paraíso;
A banda portuguesa de heavy
metal Moonspell gravou Os Senhores da Guerra, do álbum O Espírito da Paz;
As cantoras brasileiras Zizi
Possi e Luiza Possi, bem como o tenor espanhol José Carreras, gravaram Haja o
que houver, do álbum O Paraíso. A canção já havia sido registrada em disco,
antes do Madredeus, pela banda de rock portuguesa Delfins;
A cantora brasileira Rebeca
Mata gravou O Mar, do álbum O Espírito da Paz;
O grupo instrumental
brasileiro Quarteto Pererê gravou As Montanhas, do álbum Os dias da Madredeus;
A cantora brasileira Mylene
lançou, em 2007, um álbum inteiramente dedicado às canções do Madredeus, com
dezesseis temas de diversos álbuns.
A cantora Deo (Deolinda
Bernardo) gravou em 2008 o álbum "Voando sobre o Fado" com 11 temas
do grupo.
A espanhola Soledad Gimenez,
cantora dos Presuntos Implicados, gravou uma versão em espanhol de
"Oxala".
Rodrigo Leão voltou a gravar
"Terras de Bolonha" em 2006.
O guitarrista do Angra,
Rafael Bittencourt, gravou O Pastor em seu primeiro álbum solo, Brainworms I,
lançado em 2008.
A banda portuguesa Noidz
(Psytrance/Metal) gravou um remix da música "O Pastor" em 2010
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