“Sou um cantador do Jequitinhonha
a viajar no trem da história, levando viola, sanfona, tambores e dando vivas ao
povo brasileiro.”
Cantor e compositor mineiro
do vale do Jequitinhonha, passou a infância na roça. Filho de seu Caçula e dona
Zinha, menino levado, batizado Manoel, enfrentava léguas em lombo de burro para
aprender a leituraem Bom Jardim, Jacinto, Vale do Jequitinhonha.
O ABC cantado pela mestra era
repetido por ele naquelas viagens em busca do saber. Mais tarde em Rubim, terra
onde residem seus familiares, continuou os estudos e concluiu o curso Ginasial.
Adorava fazer apresentações
teatrais na escola e gostava muito do palco.
Seu primeiro instrumento foi
o acordeão de seu pai, Caçula Jardim, ainda na roça.
Quando concluiu a oitava
série em 1972 ganhou o primeiro violão que D. Zinha autorizou comprar e debitar
na conta (fiado) na loja Casa Mineira. O menino abraçava, beijava o violão, não
sabia uma nota, muito menos afinar o instrumento.
A sanfona e a caixinha de
repique das folias tocadas em volta dos presépios, as violas e as serestas
ouvidas na Praça Quinto Ruas foram os registros musicais dos tempos de menino,
permanecem até hoje e se manifestam nas suas composições.
Um pulo até Teófilo Otoni,
amigos, farras e estudos.
Um sonho: Ser engenheiro,
sonho que o levou a Belo Horizonte.
Cursinho, viola, vida dura, a
solidão da cidade grande, depois Ouro Preto, universidade, geologia, República
Sinagoga, festivais de música, farras, noitadas com grandes violeiros e um novo
nome: RUBIM.
Quando veio para Belo
Horizonte tentar a sorte e continuar os estudos, teve que deixar o violão em
Rubim, foi morar nas pensões, onde morava nunca tinha violão e o jovem que
sonhava ser músico só podia tocar nas férias.
No início de 76 foi aprovado
no vestibular da Escola de Minas de Ouro Preto para o curso de Geologia
-Engenharia Geológica.
Morou em Ouro Preto cinco
anos, fez boas amizades, aprendeu bastante, participou de festivais
universitários, viu pelas ruas de Ouro Preto grandes artistas brasileiros
durante o Festival de Inverno, assistiu bons espetáculos musicais e teve acesso
a discos de MPB, especialmente de cantadores como Elomar Figueira, Geraldo
Vandré, Luiz Gonzaga, de quem já gostava, e de violeiros como Renato Andrade e
Almir Sater.
Ter contato com a música do
Grupo Raízes foi fundamental para esse trovador voltar os olhos para sua terra,
sua origem e sua cultura.
Morando na República
Sinagoga, uma das mais lindas e aconchegantes de Ouro Preto, Rubinho pode então
desenvolver sua forma de tocar e seu desejo de compor. Nunca estudou música, é
um autodidata, com muito esforço desenvolveu sua técnica de tocar violão e com
o tempo seu jeito de compor.
Em l980 veio novamente para
Belo Horizonte sem conhecer ninguém, mas com um grande sonho: ser um compositor
brasileiro, cantar sua terra – o Vale do Jequitinhonha – falar da sua cultura,
denunciar as injustiças sociais, a exploração do povo do Vale pelos que
chegavam de fora pedindo votos, tirando fotos, mas sem deixar nada para o povo.
Assim esse cantador foi
transformando sua voz e sua música em bandeiras de luta e de esperança.
Encontros definitivos
Itaobim, novembro de 1979, I
Encontro de Compositores do Vale do Jequitinhonha – Procurados – organizado
pelo Jornal Geraes, ali fica definida a nova proposta de vida: tocar e espalhar
seu canto pelos quatro cantos do Vale, fazendo da voz e da viola, Maria das
Dores do Brasil, armas poderosas em defesa da sua terra, do seu povo e da sua
cultura.
Nessa caminhada, muitos amigos:
Paulinho Pedra Azul, Saulo Laranjeira, Gonzaga Medeiros, Tadeu Martins,
jornalistas, poetas e amigos do Geraes, Titane, Dércio e Doroty Marques entre
outros.
Festivais, FESTIVALE, shows e
cantorias em escolas, sindicatos, associações, teatros, igrejas e praças, assim
percorreu centenas de cidades levando seu canto, suas trovas e divulgando a
cultura do Vale do Jequitinhonha.
Um produtor de televisão
chamado Rogério Brandão acrescenta-lhe ao nome a região de origem, assim Rubim
e o Vale dão a Manoel o seu novo nome: Rubinho Do Vale.
Com vários LPs e CDs
independentes gravados, esse cantador segue cumprindo a missão de levar ao
povo seu canto comprometido com a
transformação social, resgatando os valores da sua terra, espinha dorsal do seu
trabalho.
Pé na estrada
Ao começar sua caminhada
profissional com a música Rubinho optou por mostrar seu canto na sua terra,
para o povo do vale, esse era o público que primeiro queria conquistar, ou
seja, ser reconhecido na sua região lhe daria autorização para cantar em outros
Vales.
Junto com o parceiro e amigo
Tadeu Martins fundou o grupo musical TERRASSOL, do qual também fizeram parte
João Lefú, Tânia Grace, Ciro e Charles. Com esse grupo Rubinho apresentou em
várias cidades de Minas e iniciou sua turnê pelo vale do Jequitinhonha que
continua até hoje.
E assim foram muitas cidades,
Minas Novas, Salinas, Almenara, Itaobim, Toiobeiras, Diamantina, Itamarandiba,
Turmalina, Capelinha, Novo Cruzeiro, Padre Paraíso, Virgem da Lapa, Salto da
Divisa, Jacinto, Santo Antonio do Jacinto, Felisburgo, Joaima, Jequitinhonha,
Ladainha, Serro, Araçuaí, Itinga, Berilo e muitas outras cidades do imenso
Jequitinhonha.
E o trovador continuou sua
caminhada por outros cantos mais distantes, transitando por universidades,
sindicatos, associações de bairros, feiras, cantando nos grandes teatros e
também nas pequenas comunidades do interior de Minas.
Literalmente, o cantador pôs
o pé na estrada. Já se apresentou nas melhores casas de espetáculos de BH tais
como: Teatro Francisco Nunes, Imprensa Oficial, Grande Teatro do Palácio das
Artes, Minas Centro, espaços culturais de Universidades, vários Centros
Culturais de Belo Horizonte. E segue o cantador, cantando em parques clubes e
igrejas, em muitos bairros e outros locais da capital mineira e do interior do
estado.
Com sua música para as
crianças e adultos Rubinho vai onde o povo está, canta nas creches, nas escolas
de periferia, canta para movimentos sociais e religiosos.
Já se apresentou no Rio de
Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador, Porto Alegre, Vitória, Goiânia, Sobral
CE, Campina Grande PB e muitas outras cidades do Brasil.
Fez alguns shows nos Estados
Unidos e tem um disco lançado na Alemanha, feito em parceria com Frei Chico,
Lira Marques e Coral Trovadores do Vale.
Rubinho foi presença marcante
nos programas de TV do Rolando Boldrim desde o Som Brasil na TV Globo até o Sr.
Brasil na TV Cultura de SP e no Arrumação do Saulo Laranjeira.
Já se apresentou em muitas
festas da cultura popular de Minas e do Brasil com destaque para as Festas da
Cultura Popular do SESC MG e representou Minas no Festival Nacional de Folclore
em Olímpia SP. Na Festa do Folclore de 2008, quando Olímpia, a Capital Nacional
do Folclore, homenageou Minas Gerais, Rubinho fez o grande show da noite e viu
centenas de crianças, adolescentes e adultos dançarem suas músicas na abertura
do evento.
Festivais
Rubinho começou sua carreira
cantando em festivais e venceu vários:
1º e 2º lugares no Festival
da canção de Minas Novas – 1980
1º Lugar no FESTIVALE, Pedra
Azul – 1981
1º lugar no Festival da
Canção de Almenara – 1881
1º lugar no FESTIVALE,
Itaobim – 1982
1º lugar e melhor letra no
Festival de Avaré, SP – 1986
Homenagens
Homenagens recebidas por
Rubinho do Vale:
“Medalha do Aleijadinho” –
Prefeitura Municipal de Ouro Preto – 1979
Cidadão Honorário de Belo
Horizonte – Câmara Municipal de BH – 1990
Medalha do Mérito da Educação
– Governo do Estado de Minas Gerais – Secretaria de Estado da Educação – 2002
Ordem do Mérito Cultural –
Ministério da Cultura
Em dezembro de 2003 Rubinho
recebeu do Ministro Gilberto Gil e do Presidente Lula a Medalha da Ordem do
Mérito Cultural. Esta é a maior condecoração do Governo Brasileiro aos artistas
e intelectuais do Brasil pelo reconhecimento da sua obra. Por todo seu trabalho
com a música e a cultura popular do Jequitinhonha, desenvolvido com tanta
seriedade, o menestrel recebeu esta comenda das mãos do Presidente Lula e do
Ministro da cultura. Rubinho recebeu a medalha junto com muitos outros
compositores entre eles Antônio Nóbrega, Chico Buarque, Zezé de Camargo e
Luciano, Marília Pêra, Ataulfo Alves, Ari Barroso e Portinari em memória, e
muitas personalidades do mundo cultural.
O Vale do Jequitinhonha deu
asas a um menestrel, que está pronto para voar mais alto por novos horizontes,
de peito aberto para respirar os ares do mundo.
No caminho com as gravações
Gravou vários LPs:
Tropeiro de cantigas – 1982
Violas e tambores – 1984
Viva o povo brasileiro – 1986
Trem bonito – 1988
Encantado – 1989
Ser Criança – 1980
Verde vale vida – 1980
Em 1990 lançou o primeiro
disco dedicado às crianças, LP duplo: Ser criança/Verde vale vida.
Cavaleiro da paz – 1995
(Primeiro CD. Está fora de catálogo)
Justiça e paz se abraçarão –
1996 (Inspirado no tema da Campanha da Fraternidade da Igreja Católica. Está
fora de catálogo)
Jequitinhonha Vale Brasil –
1995 (Lançado na Alemanha. Uma parceria com Frei Chico, Lira Marques e o Coral
Trovadores do Vale. Está fora de catálogo)
Em 1998 lançou o CD Alma Do
Povo – Folclore E Cultura Popular
Esse disco reafirmou a
proposta musical do cantador Rubinho do Vale, cantar a cultura popular e contar
a história do povo do Vale do Jequitinhonha e de outros vales do Brasil.
Discos disponíveis no mercado:
Alma do povo – Folclore e
cultura popular – 1998
Viva o povo brasileiro – 2000
ABC do amor – 2000
Cantos de paz – 2001
Vida verso e viola – 2007
Forró – 2007
Discos dedicados às crianças:
Ser Criança – 1990
Enrola Bola – Brinquedos,
brincadeiras e canções – 1997
Passarim – O Palhaço Cantor –
2000
Verde Maravilha – 2002
Trem da História – 2006
Natureza em canto – 2008
Arraia do Rubinho – 2010
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