A cantora, rabequeira e
compositora Renata Rosa há muitos anos vive mergulhada no contexto poético
musical da Zona da Mata Norte Pernambucana e do Baixo São Francisco Alagoano
entre os sinuosos cantos caboclos do catolicismo popular, do samba de coco, dos
rojões de roça, das polifonias vocais indígenas e das brincadeiras de
maracatu-rural e do cavalo-marinho. Desde 1998 vem desenvolvendo um trabalho
com músicos do interior e da capital de Pernambuco que deu origem, em 2003, ao
seu primeiro cd solo intitulado Zunido da Mata e ao show homônimo. Consagrada
na Europa, Renata Rosa conquistou o prêmio CHOC De L’ANNÉE, de melhor
disco do ano pelo Le Monde – de la musique (prêmio inédito na música
brasileira). No ano de 2005 o show de Renata Rosa foi considerado um dos
melhores da temporada européia, o que lhe valeu um especial de TV produzido
pela BBC inglesa.
No âmbito nacional, Renata
Rosa foi selecionada pelo programa Rumos Música do Instituto Itaú Cultural,
atuou como a protagonista feminina da minissérie A Pedra do Reino, de Luiz
Fernando Carvalho (TV Globo, 2007), na qual também compôs e dirigiu os coros.
Nascida no bairro do Braz, em
São Paulo, em 1973, local de grande imigração nordestina, a cantora e
compositora conta passagens importantes de sua carreira, inclusive o seu
contato com o cancioneiro de caboclos, índios e rezadeiras do sertão:
“(...) Uma das primeiras
influências para mim assim, foi a cantoria de viola, do repente. Mais ainda
fascinante pela poesia improvisada do que pela música”.
Renata foi crescendo,
estudando música e aí se questionava:
“(...) você está na Escola,
cê tem o canto lírico, cê tem MPB, e cadê aquele canto maravilhoso que a gente
vê na rua? (referência a suas viagens nas férias para o Rio São Francisco).
As viagens cada vez mais
despertaram o seu gosto pelas brincadeiras populares. Foi freqüentando um
Cavalo Marinho que aprendeu a tocar rabeca. Sobre o instrumento, seu mestre
dizia: “Isso aqui não se ensina, isso aqui se aprende”.
Outra atividade de importante
influência na construção de seu repertório próprio e a participação no Maracatu
Rural do município de Aliança. “Pra eles o grande barato é que eu sou mulher,
não existe mulher nesta tradição”, comenta a cantora. Na minha opinião, o
pessoal do Maracatu não valoriza apenas o fato dela ser mulher, mas a sua
beleza, o seu modo de vestir as cores que canta, o sotaque carregado de paixão
pela simplicidade, pelo riso, pela brincadeira, pela música.
Por fim, Renata e seu grupo
tomam a platéia e quem assiste, como eu, é tomado pela alma do folguedo
presente em seu trabalho.
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