Paulistano
de nascimento, criado na Baixada Santista, identificou-se com as águas
barrentas e "cheias de segredos" do Rio São Francisco, indo e vindo
nos velhos gaiolas junto com seus pais a cada férias. Aportou de modo
definitivo em Bom Jesus da Lapa-BA, por volta de 1974 onde, há algum tempo
atrás, é agraciado com título de cidadão lapense, por decreto do Legislativo
Municipal. Apresenta passagens por diversos grupos musicais no interior do
Estado, destacando-se em Salvador no "Quinteto Fred Dantas", em 1989.
Paulo Gabiru cresceu ouvindo o resfolegar da antiga "Maria-fumaça" da
já extinta estrada-de-ferro Sorocabana, depois substituída pelas (na época, modernas) locomotivas
a Diesel (seu pai era ferroviário). Viu no horizonte do mar os grandes navios
que lentamente se aproximavam do Porto de Santos. Trocou a água salgada pelo
doce sabor de viver às margens do São Francisco.
O
texto abaixo é de autoria de Miguel Mensittieri:
UM
CANTADOR DO RIO SÃO FRANCISCO
Compositor
e instrumentista, Paulo Gabiru compõe com boa dose de dramaticidade o perfil
épico da região são-franciscana, articulando acordes nos meandros do contexto
sociocultural.
Sua
presença no campo musical é de fundamental importância não só como componente
de um quadro que se expande conquistando fronteiras, senão também por
influenciar novas gerações de compositores que interagem para o fortalecimento
da música popular em nosso país e, especificamente, promover a música regional:
inesgotável fonte de transformações estilísticas, sobre sólida base rítmica.
Seu
trabalho musical apresenta estrutura nitidamente eclética, um trabalho onde a
criatividade é tônica marcante. Basta atentar para os arranjos que evidenciam
rico mosaico de variações.
Não
obstante a inserção de outros ritmos há um traço predominante, provavelmente
originário das toadas regionais: traço como se fora estigma de um temperamento
musical sempre revigorado pelas raízes do vale são-franciscano.
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