Tire seu sorriso do caminho
que Thiago Pethit quer passar com a dor de seu segundo álbum, Estrela
Decadente. "Deixe me só com minha dor", suplica num dos versos
iniciais da faixa-título Estrela Decadente (Thiago Pethit), rock à moda dos
anos 60. Ator que assumiu o papel de cantor a partir de 2008, ano em que lançou
o EP Em Outro Lugar, o artista paulistano aguça a dor de seu cabaré indie,
agora com tons roqueiros. Mas Pethit não está só com sua dor. Ao seu lado,
figura o requisitado Kassin, piloto dessa nova viagem sonora.
Na escala
anterior, Berlim, Texas (2010), a rota de Pethit era pontuada por fina
melancolia destilada em mágoas afogadas em temas mais delicados. Estrela
Decadente adiciona pontos mais escuros ao mapa-múndi existencial do dândi
trovador. "O diabo sou eu", revela o forasteiro em nova parceria com
Hélio Flanders, Devil In Me, faixa de crueza realçada pela guitarra de Pedro
Penna, tão ensandecida quanto o viajante louco de paixão. Entre as sombras de
suas nove faixas, Estrela Decadente ilumina a verve roqueira do cabaré indie de
Pethit em temas como Moon (Thiago Pethit) e Dandy Darling (Thiago Pethit e
Rafael Barion), faixas de versos bilíngues, cantados ora em inglês, ora em
português. Convite inusitado à dança, Pas de Deux (Thiago Pethit) é charleston
estilizado cuja levada passa a remeter brevemente, aos dois minutos e 20
segundos, à batida da era da disco music. Mero atalho da rota de álbum
enraizado em sonoridades e (alguns) instrumentos ouvidos dos anos 30 aos 60. A
delicadeza tristonha da viagem anterior de 2010 ecoa em Perto do Fim (Thiago
Pethit) - bonita canção bilíngue de vocais divididos por Pethit com Mallu
Magalhães - e na balada em inglês So Long, New Love (Thiago Pethit), única
faixa já conhecida por ter sido veiculada em filme publicitário de 2011. O coro
formado por Camila Lordy, Marcio Arantes, Pedro Penna e Vitor Patalano encorpa
o tema. É o mesmo coro que retorna ainda mais imponente em Haunted Love (Thiago
Pethit), outra balada cantada em inglês, esta evocando os vocais harmoniosos da
era do doo wop. No todo, Estrela Decadente sinaliza a nítida ascensão de Pethit
por conta do apuro de produção, arranjos, composições e canto. É disco envolto
em universo particular que segue rota contrária aos caminhos fáceis propostos
pelo mercado comum da música. Opção reforçada pela teatralizada versão em
português de Surabaya Johnny (Bertolt Brecht e Kurt Weill), tema de peça cabaré
(Happy End), lançado em 1929. No teatro da canção, Pethit faz entrar em cena
Cida Moreira, intérprete identificada com o universo de Brecht (1898-1956). O
duo transgressor rima amor com dor, mas sorriso despudorado é ouvido ao fim do
caminho. Entre luz e sombras, Thiago Pethit passa triunfante com suas dores na
prova do segundo disco.Playlist - Caetano, Gil, Gal, Bethânia, Chico e Milton
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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
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