Poeta. Letrista. Ator.
Cineasta. Jornalista.
Filho único do promotor
público Heli da Rocha Nunes de Araújo e da professora primária Maria Salomé da
Cunha Nunes. Primo do ex-Ministro da Justiça Petrônio Portela.
Aos 11 anos pediu de presente
ao pai as obras completas de Shakespeare, poucos anos depois ganhou também as
obras completas de Machado de Assis.
Aos 15 anos de idade, foi
expulso de um colégio em Teresina (PI), por atividades políticas. Logo depois,
mudou-se para Salvador, onde estudou no Colégio Nossa Senhora da Vitória,
fazendo amizade com Gilberto Gil e trabalhando como assistente no filme “Barravento”,
de Glaúber Rocha.
Poliglota falava fluentemente
inglês, francês e espanhol.
Em 1963, mudou-se para o Rio
de Janeiro.
Estudou jornalismo e
filosofia (sem chegar a completar os cursos). Trabalhou em jornais, gravadoras
e agências de publicidade.
Em 1965, iniciou parceria com
Gilberto Gil e Caetano Veloso.
No jornal “Correio da Manhã”,
fez crítica de cinema no suplemento “Plug”, no qual travou amplas discussões
com o pessoal do Cinema Novo.
No Jornal dos Sports, no
suplemento “O Sol”, manteve a coluna “Música brasileira”, em 1967, na época,
com apenas 23 anos.
Trabalhou no Aeroporto Santos
Dumont.
Trabalhou como ator no filme “Nosferatu”,
de Ivan Cardoso, no qual fez o papel do vampiro.
Escreveu o breviário “Tropicalismo
para principiantes”, no qual situou o movimento como inspirado na revolução
provocada, na Europa, pelo filme “Bonnie and Clyde”, bem como na necessidade de
criar um pop, autenticamente, brasileiro: “Assumir completamente tudo que a
vida dos trópicos pode dar, sem preconceitos de ordem estética, sem cogitar de
cafonice ou mau gosto, apenas vivendo a tropicalidade e o novo universo que ela
encerra, ainda desconhecido”.
Entre 1967 e 1968, escreveu,
em parceria com José Carlos Capinam, o roteiro “Vida, paixão e banana do
tropicalismo”, que seria dirigido, na TV, por José Celso Martinez Corrêa, mas
que não chegou a ser montado por nenhuma emissora. Com o exílio de Gilberto Gil
e Caetano Veloso, mudou-se, também, para o exterior, vivendo em Paris, Londres
e Nova York.
Foi um dos fundadores dos
jornais “Flor do Mal” (ao lado de Tite de Lemos, Rogério Duarte e Luis Carlos
Maciel) e “Presença”.
Escreveu, entre 1971 e 1972,
uma coluna diária, “Geléia Geral”, no jornal carioca “Última Hora”, a qual
encerrou voluntariamente: “Não tenho escrito nem nada nem pra ninguém”,
comentou em correspondência a Hélio Oiticica .
Editor da revista “Navilouca”,
publicação que reunia poetas da dita “geração marginal”, no início dos anos 70.
O número 1 da revista só sairia anos mais tarde, quando o poeta já havia
falecido. Ainda no início da década de 1970, através de sua coluna “Geléia
Geral”, defendia o cinema experimental de Rogério Sganzerla e Ivan Cardoso,
entre outros, o que lhe valeu uma briga com o pessoal do Cinema Novo. Rompido
com Caetano Veloso e Gilberto Gil, em constantes desavenças com a TV Globo e
seus festivais e com o CNDA (Conselho Nacional de Direito Autorais), já
extinto, Torquato Neto sentia-se perseguido pelos “patrulheiros ideológicos”
tanto de direita, quanto de esquerda. Chegou a ser internado algumas vezes no
hospital psiquiátrico Odilon Galotti, no bairro de Engenho de Dentro (subúrbio
do Rio de Janeiro) e foi internado oito vezes por alcoolismo. Solicitou, várias
vezes, que retirassem seu nome da música “Soy loco por ti, América”, alegando a
autoria somente para Gilberto Gil e Capinan.
Em novembro de 1971, escreveu
a Hélio Oiticica: “A paranóia, com perdão da palavra, grassa nos altos círculos
(...) Ninguém sabe o que fazer, porque a sufocação só deixa pensar em dar no pé”.
Por essa época, voltou para Teresina, internando-se na Clínica Meduna para uma
desintoxicação por uso de bebida alcoólica. Ainda em 1971, teve outra
experiência como ator. A convite de Carlos Galvão (um dos editores do jornal “Gramma”,
de Teresina), atuou no papel principal do filme, em super-8, “Adão e Eva no
paraíso do consumo”.
No ano de 1972 atuou no
curta-metragem “Helô e Dirce”, de Luiz Otávio Pimentel. Escreveu e dirigiu o
filme “O terror da Vemelha” (Vermelha a que o filme se refere é um bairro de
Teresina), sua única experiência em direção de super-oito. Filmado em 1972, o
curta-metragem só seria montado em 1973 por Carlos Galvão, trazendo como
personagem principal um homem que volta a sua cidade natal (no caso Teresina) e
assassina os antigos amigos. Em 10 de novembro de 1972, após a festa de
comemoração de seus 28 anos de idade, levou sua mulher, Ana Maria Silva de
Araújo Duarte (com quem teve um filho, Thiago), para casa, esperou que ela
dormisse, trancou-se no banheiro e abriu o gás. Deixou o seguinte bilhete: “Pra
mim chega. Vocês aí: peço o favor de não sacudirem demais o Thiago que ele pode
acordar”.
Em 1973 Waly Salomão e Ana
Maria Duarte reuniram algumas de suas poesias, letras e textos editados na
coluna do jornal “Última Hora” e lançou o livro “Os últimos dias de Paupéria”,
que veio acompanhado por um compacto simples (duas músicas: “Três da madrugada”,
interpretada por Gal Costa e “Todo Dia é Dia D”, interpretada por Gilberto Gil,
ambas as composições parceria de Carlos Pinto e Torquato Neto). O livro também
trouxe textos de apresentação de Décio Pignatari, Hélio Oiticica, Haroldo e
Augusto de Campos e foi editado pela coleção “Na Corda Bamba”, da Editora Pedra
Q Ronca.
No ano de 1982, a Secretaria
Estadual de Cultura, Desportos e Turismo do Piauí criou o “Projeto Torquato
Neto”, para incentivo da cultura local, patrocinando shows, eventos, encontros,
gravações etc.
Em 1983, a RioArte (Centro de
Cultura Alternativa) estabeleceu o “Prêmio Torquato Neto para monografias”,
sendo editado um livro com algumas delas no ano seguinte, entre elas,
destaca-se “Um poeta não se faz com versos”, de André Bueno, sobre a atuação de
Torquato Neto na cultura dos anos 60/70 .
Em 1984, pela Editora Max
Limonad Ltda, o livro “Os últimos dias de Paupéria” foi revisto e ampliado,
inclusive incluído o roteiro “Vida, paixão e banana do tropicalismo”, escrito
por Torquato em parceria com Capinan e que seria encenado com direção de Zé
Celso Martinez. O livro passou a chamar “Os últimos dias de Paupéria - do lado
de dentro” e teve como produtores Waly Salomão, Ana Araújo e o poeta Chacal.
No ano de 1985, a RioArte
(Instituto Municipal de Arte e Cultural), da Prefeitura do Rio de Janeiro, em
conjunto com Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo do Piauí, patrocinou o
disco “Torquato Neto - Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se
inicia”, com texto e entrevistas de Gilberto Gil, Tárik de Souza, Maria Amélia
Mello (Rioarte) e George Mendes, Coordenador do Projeto Torquato Neto, além de
12 composições do poeta com vários parceiros.
Em 2005, a Editora Rocco
lançou “Torquatália - do lado de dentro”, versão ampliada (dois volumes) de “Os
últimos dia de Paupéria”, na qual adicionou textos inéditos do poeta,
inclusive, poemas dedicados ao amigo, também poeta e letrista, Ronaldo Bastos.
O livro “Toquatália - do lado de dentro” trata-se de uma coletânea organizada
pelo jornalista, editor, crítico musical e de literatura Paulo Roberto Pires e
traz dois tomos: “Do lado de dentro” e “Geléia geral”, este último com a
produção jornalística no Jornal dos Sports, a coluna "Música popular"
do ano de 1967, do Correio da Manhã, na coluna “Plug”, no ano de 1971 e no
Jornal Última Hora, com a sua mais famosa coluna “Geléia geral”, entre agosto
de 1971 e março de 1972. Neste mesmo ano de 2005 o jornalista Toninho Vaz
lançou “Pra mim, chega”, biografia não autorizada pela família do poeta.
Em 2006 foi montada a peça “Artorquato”,
sobre a vida e a obra do artista. A peça, com direção do psicanalista Antonio
Quinet, foi encenada por Gilberto Gawronski, Cristina Aché e Ronaldo Bottino.
Em 2007 foi lançado, pela
Halley Gráfica Editora e Fundação Quixote, o livro “Torquato - Cancioneiro
Torquateano - A Palavra Cantada - 1965/1972”), no qual também foi encartado um
CD em mp3 com 70 gravações de suas composições por diversos intérpretes, entre
os quais Gilberto Gil, Mirian Eduardo, Cláudia Simone, Maria Bethânia, Daniuela
Mercury, Ana Miranda, Gal Costa, Beti Moreno, Fátima Lima, Elis Regina, Jair
Rodrigues, Francis Hime, Nana Caymmi, Caetano Veloso, Coral do Sebrae, Belô
Veloso, Laurenice França, Edna Lago, Nara Leão, Edu Lobo, Leila Pinheiro, Leo
Gandelman, Rubeni Miranda, Jards Macalé, Joyce, Novvelle Cuisine, Titãs,
Edvaldo Nascimento, Só Pra Contrariar, Luiz Melodia, Angela, Paulo Sérgio
Valle, Sérgio Britto, Zeca Baleiro, Raimundo Fagner, Renato Piau, Fecliciano
Bezerra, Geraldo Brito, Rubens Lima, Machado Jr, Lena Rios e Silizinho. No
livro também foram incluídas parceria inéditas do poeta com Caetano Veloso,
Gilberto Gil, João Bosco e Chico Enói, Carlos Galvão, Toquinho e Luiz Melodia.
O livro foi lançado oficialmente no “5º Salão do Livro do Piauí” (SALAPI) no “Ano
Torquato Neto 2007”, instituído pela Secretaria de Cultural do Estado do Piauí.
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