Olivia Byington iniciou a sua
carreira como vocalista no final da década de setenta na banda de rock Antena
Coletiva, ao lado de Jacques Morelembaum. Foi, de imediato, considerada pelo
crítico Sérgio Cabral como "a melhor cantora da sua geração".
O primeiro disco em nome
próprio – "Corra o Risco" foi gravado em 1978 com a "Barca do
Sol". No ano seguinte Olívia chegou aos tops da música mais tocada na
rádio com o tema "Lady Jane".
O terceiro disco, gravado em
Cuba a convite de Sílvio Rodriguez, veio ampliar-lhe os horizontes
internacionais que aterram em Lisboa em 1994, depois de muitos discos muitos
shows, muita música… Nessa altura, apresenta-se em concertos memoráveis no
Teatro Maria Matos onde um público, na altura pouco conhecedor da sua obra, se
rende à sua impressionante extensão vocal e ao seu canto, que de tão popular se
torna impressionantemente sofisticado, que de tão erudito chega com facilidade
ao coração de todos.
Foi tão grande a surpresa do
público e da crítica que, no ano seguinte, Olívia se apresentava no Grande
Auditório do Centro Cultural de Belém, tendo ainda vindo a Portugal para actuar
na Expo 98, em Évora, Monsaraz, Aveiro, e, mais recentemente, à Aula Magna de Lisboa e Coliseu do Porto ao
lado do grande Egberto Gismonti. Aliás, a cantora sempre se soube rodear de
grandes artistas e é assim que cantou ao lado de grandes nomes como Tom Jobim,
Chico Buarque, Edu Lobo, Djavan, Wagner Tiso, Radamés Gantali ou João Carlos
Assis Brasil.
Ao longo de sua carreira,
lançou os discos "Anjo vadio" (1980), "Identidad" (1981),
"Para Viver um Grande Amor" (1983), "Música" (1984),
"Encontro" (1984) (Troféu Chiquinha Gonzaga), "Melodia
Sentimental" (1986), "Olivia Byington e João Carlos Assis
Brasil" (1990) e "A Dama do Encantado" (1997), este último em
homenagem a Aracy de Almeida. Em 2003, lançou "Canção do Amor
Demais", em que regravou o antológico disco gravado em 1958 por Elizeth
Cardoso com canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
Em 2005, um encontro com o
poeta português Tiago Torres da Silva no Rio de Janeiro, fê-la regressar à
composição de que sentia grandes saudades. Familiarizada com o violão desde os
oito anos, foi com facilidade que Olívia pegou nas palavras de "Areias do
Leblon" e trouxe para a canção a sensualidade, a poesia, a musicalidade
das praias da orla carioca. A essa canção seguiram-se outras, muitas com
palavras do escritor português, mas também com a de outros poetas como Geraldo
Carneiro, Cacaso e Marcelo Pires. Estas canções tão autorais, acabaram por
gerar o disco mais confessional da sua carreira, um disco onde Olívia se assume
não só como a grande cantora que crítica e público seguem com atenção no
Brasil, mas como uma compositora de mão cheia, capaz de criar canções
harmonicamente ricas, com melodias extraordinariamente originais.
Por ser tão íntimo, Olívia
quis rodear-se de amigos. Assim, convidou Leandro Braga para fazer uma parte
dos arranjos musicais, mas também o português Pedro Jóia que a acompanhou nos
temas "Clarão" e "Balada do Avesso", e muitos outros grandes
músicos como Marco Pereira, João Lyra, Zero e Zé Canuto. Quis também partilhar
o canto e, por isso, dividiu o microfone com Seu Jorge no tema "Na Ponta
dos Pés" e com a grande Maria Bethânia no tema "Mãe Quelé" que
homenageia Clementina de Jesus, cantora negra já falecida.
"Olívia Byington" –
o disco – tem as mesmas características de "Olívia Byington" – a
cantora. A extraordinária sofisticação de ambos – disco e cantora – torna esta
música originalmente popular e deliciosamente erudita.
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