Jorge Mautner, nome artístico
de Henrique George Mautner (Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1941) é um cantor,
compositor e escritor brasileiro.
Biografia
Filho de Anna Illichi, de
origem iugoslava e católica, e de Paul Mautner, judeu austríaco, Jorge Mautner
nasceu pouco tempo depois de seus pais desembarcarem no Brasil: “Eu nasci aqui
um mês depois de meus pais chegarem ao Brasil, fugindo do holocausto”.
No Brasil, seu pai, embora
simpatizante do governo de Getúlio Vargas, atuava na resistência judaica. A mãe
passou a sofrer de paralisia em razão do trauma sofrido pela impossibilidade da
irmã de Jorge, Susana, ter embarcado para o Brasil com a família. Assim, até os
sete anos, Jorge ficou sob os cuidados de uma babá, Lúcia, que era ialorixá e o
apresentou ao candomblé.
Em 1948, seus pais se
separam. Anna se casa com o violinista Henri Müller, que é a primeira viola da
Orquestra Sinfônica de São Paulo. Anna e Jorge se transferem para São Paulo.
Henri ensina Jorge a tocar violino. Jorge estuda no Colégio Dante Alighieri.
Apesar de ótimo aluno, é expulso do colégio antes de concluir o 3º ano
científico, por ter escrito um texto considerado indecente.
Mautner começa a escrever seu
primeiro livro, Deus da chuva e da morte,
aos 15 anos de idade. O livro foi publicado em 1962 e compõe, com Kaos (1964) e Narciso em tarde cinza (1966), a trilogia hoje conhecida como Mitologia do Kaos.
Em 1962, adere ao Partido
Comunista Brasileiro, convidado pelo professor Mário Schenberg para participar,
com José Roberto Aguilar, de uma célula cultural no Comitê Central.
Após o golpe militar de 1964,
é preso. É liberado, sob a condição de se expressar mais “cuidadosamente”. Em
1966, vai para os Estados Unidos, onde trabalha na Unesco e trabalha na
tradução de livros brasileiros. Também dava palestras sobre esses livros para a
Sociedade Interamericana de Literatura. A partir de 1967, passa a trabalhar
como secretário do poeta Robert Lowell. Conhece Paul Goodman, sociólogo, poeta
e militante pacifista anarquista da nova esquerda, de quem recebe significativa
influência.
Em 1970, vai para Londres,
onde se aproxima de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Volta ao Brasil e começa a
escrever no jornal O Pasquim. Nesta
época, conhece Nelson Jacobina, que será seu parceiro musical nas décadas
seguintes.
Em 10 de dezembro de 1973, no
período mais duro da ditadura militar, participa do Banquete dos Mendigos, show-manifesto idealizado e dirigido por
Jards Macalé, em comemoração dos 25 anos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Do espetáculo participam também Chico Buarque, Dominguinhos, Edu Lobo,
Gal Costa, Gonzaguinha, Johnny Alf, Luis Melodia, Milton Nascimento, MPB-4,
Nelson Jacobina, Paulinho da Viola, Raul Seixas, entre outros artistas. Com
apoio da ONU, o show acontece no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro,
transformado em “território livre”, e resulta em álbum duplo gravado ao vivo. O
disco foi proibido durante seis anos pelo regime militar e liberado somente em
1979.
Em 1975, nasce sua filha
Amora (com a historiadora Ruth Mendes).
Em 1987 lança, com Gilberto
Gil, o movimento “Figa Brasil” no show O
Poeta e o Esfomeado, ligado ao movimento Kaos, voltado à discussão da
cultura brasileira.
Literatura
Autor de vários livros, entre
eles Deus da chuva e da morte (1962),
que recebeu o Prêmio Jabuti de literatura, e Fragmentos de sabonete (1973).
Cinema
Em 1968, escreveu o argumento
e o roteiro do filme de Neville D'Almeida, Jardim
de Guerra, que acabou censurado pela ditadura militar.
Em 1970, dirigiu o
longa-metragem O demiurgo (1970), em
que trabalhou como ator. Do filme, também participam Gil, Caetano, José Roberto
Aguilar, Péricles Cavalcanti, Leilah Assumpção. O filme é censurado.
Música
Entre seus sucessos musicais
gravados por grandes nomes da MPB, incluem-se O vampiro (Caetano Veloso), Maracatu
atômico (Gilberto Gil e Chico Science & Nação Zumbi), Lágrimas negras (Gal Costa), Samba dos animas (Lulu Santos) Rock Comendo Cereja, O vampiro e Samba Jambo com (Jonge).
Em 2002 lançou o CD “Eu Não
Peço Desculpas”, em parceria com Caetano Veloso.
Revirão, Gege e Warner Music,
2007.
Eu não peço desculpa, Veloso.
"Mitologia do Kaos"
(CD), Coletânea, 2002.
O Ser da Tempestade, Dabliú
Discos, 1999.
(CD) Estilhaços de Paixão,
Primal Records, 1996.
(vinil) Pedra Bruta, Rock
Company Records, 1992.
MAUTNER, Jorge; JACOBINA,
Nelson (1988) (vinil), Árvore da Vida, Geléia Geral e WEA.
(vinil) Antimaldito, Nova
República e Polygram, 1985.
(CD e vinil) Bomba de
Estrelas, WEA, 1981.
(compacto) Filho Predileto de
Xangô, CBS, 1978.
(vinil) Mil e Uma Noites de
Bagdá, Phonogram, 1976.
(vinil) Jorge Mautner,
Polydor, 1974.
(vinil) Para Iluminar a
Cidade, Phonogram, 1972.
(compacto) Radioatividade
Não, não, não, RCA Victor, 1966.
Bibliografia
Obras do autor
Mitologia do Kaos, Obras
completas, Azougue, 2002.
“Floresta Verde Esmeralda”,
Mitologia do Kaos, 2002.
Fragmentos de Sabonete e
Outros Fragmentos, Relume-Dumará, 1995.
Miséria Dourada, Maltese,
1993.
Fundamentos do Kaos. Ched
Editorial, 1985.
Sexo do Crepúsculo. Global
Ground, 1982
Poesias de Amor e de Morte.
Global Ground, 1982
Panfletos da Nova Era.
Global, 1978.
Fragmentos de Sabonete.
Ground Informação, 1973.
O Vigarista Jorge. Von
Schimdt Editora, 1965.
Narciso em Tarde Cinza. Ed.
Exposição do Livro, 1965.
Kaos. Martins, 1963.
Deus da Chuva e da Morte.
Martins, 1962.
Obras sobre o autor
de MORAIS, Luís Carlos júnior
(2004), Proteu ou: A Arte das Transmutações. Leituras, audições e visões da
obra de Jorge Mautner, Rio de Janeiro: HP Comunicação.
(2011), Proteu ou: A Arte das Transmutações. Leituras, audições e visões da
obra de Jorge Mautner (2ª, revista e ampliada (em comemoração ao 70°
aniversário de nascimento de Jorge Mautner) ed.), Rio de Janeiro: Litteris.
Jorge Mautner em movimento,
Salvador: César Resac, 2004.
Teatro
Filhos do Kaos
Seu mais recente livro,
Mitologia do Kaos, lançado em 2002 pela Azougue,
recebeu montagem para teatro realizada pelo diretor baiano Fábio Viana. O
espetáculo, de criação coletiva, reúne música, dança e teatro e foi intitulado
Filhos do Kaos. É parte de um trabalho de pesquisa cênica, artística e estética
que vem sendo realizado há muito tempo pelo diretor para o projeto denominado
Trilogia do Kaos. Mautner, que esteve em Salvador para assistir à estréia,
declarou que “Filhos do Kaos é a própria tragédia grega viva, e todos nós
sabemos (e viva Rei Lopes!) que a Grécia Antiga é aqui no Brasil!”.
FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Mautner
FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Mautner
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