João Batista Oliveira,
conhecido como João Bá, é um compositor e cantor brasileiro. Atua também como
ator, poeta e contador de histórias. Nasceu na cidade de Crisópolis, no sertão
da Bahia. Filho de lavradores pobres, começou a trabalhar quando criança para
ajudar a família. Segundo o cantor, quando caiu seu primeiro dente, seu pai
sentenciou que ele estava preparado para trabalhar. As dificuldades de uma
infância pobre e difícil o levaram a observar a natureza, formando assim um
tema recorrente até os dias de hoje em suas canções. Aos doze anos, começou a compor
e cantar. Sua obra reúne mais de duzentas músicas, muitas delas gravadas por
artistas de referência no cenário musical brasileiro, como: Hermeto Pascoal,
Almir Sater, Diana Pequeno, Dércio Marques, Marlui Miranda, Oswaldinho do
Acordeom, entre outros. É considerado hoje, um dos mais respeitados cantadores
vivos na Bahia, Minas Gerais e São Paulo.
INÍCIO DA CARREIRA E
PARTICIPAÇÃO EM FESTIVAIS
Nascido em 1932, João Bá
começou a trabalhar na roça muito cedo. Do final de sua infância até o fim de
sua adolescência (período que se inicia em 1944 e vai até 1952), sempre mostrou
interesse pela arte, engajando-se em atividades artísticas na pequena cidade de
Crisópolis. Atuava em pequenas peças, compunha cantigas sertanejas e ensaiava
seus primeiros poemas. Aos 20 anos, deixa o sertão da Bahia e chega a São Paulo
em busca de uma vida melhor. Emprega-se em uma farmácia no tradicional bairro
da Mooca, localizado na região centro-leste de São Paulo. Nesse período,
inscreve-se para estudar no Ginásio (escola) - atual Ensino Fundamental) - onde
fica sabendo de um concurso de poesia realizado pela Rádio Bandeirantes. Mesmo
não vencendo, decide continuar tentando. Depois de 14 anos morando na cidade e
fazendo amizades no meio artístico, surge a oportunidade de participar da
primeira edição do Festival da Música Popular Brasileira, realizado em 1966,
pela TV Record. Ter participado de um festival histórico, como o de 1966, foi
um grande salto para a carreira de João Bá, pois sua música esteve ao lado da
de grandes compositores, como Chico Buarque, Paulinho da Viola, Gilberto Gil,
além de intérpretes, como Elis Regina, Jair Rodrigues, Elza Soares e MPB-4. Foi
nesse período que também conheceu dois grandes ícones da música nordestina:
Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. De acordo com Bá, Gonzagão foi quem o
motivou a dar prosseguimento à carreira, dizendo que o artista baiano
"tinha uma cara boa". Em 1979, destacou-se no Festival 79 da TV Tupi,
com a música Facho de Fogo feita em parceria com Vidal França e defendida por
Diana Pequeno. Embora não tenha ganhado, sua música esteve novamente ao lado da
de grandes personalidades, como Fagner e Oswaldo Montenegro, vencedores do
festival. Desde então, vem participando de shows e festivais em universidades
de todo o país.
PARTICIPAÇÕES NA TELEVISÃO
Em 1984, escreveu Cercanias
de Canudos, programa apresentado pela TV Cultura e considerado o melhor daquele
ano. No ano seguinte, apresentou Casa dos Cantadores, especial da mesma
emissora que contava com a participação de grandes nomes da música regional.
Como ator, participou do especial Lampião, também realizado pela TV Cultura em
meados dos anos 1980. Com Almir Sater, compôs faixas da trilha Corpo e Alma,
especial da Rede Globo sobre o Pantanal mato-grossense. Gravou ainda o especial
Casa de Farinha para um canal francês de televisão. Apresentou-se inúmeras
vezes nos programas Som Brasil (Rede Globo), Empório Brasileiro (Rede
Bandeirantes), Empório Brasil (SBT), Bambalalão (TV Cultura) e Viola, Minha
Viola (TV Cultura). Em novembro de 2005, participou do programa Sr. Brasil,
interpretando Bicho da Seda, ao lado de Nanah Correa. Sua mais recente aparição
foi em 2009, no programa Feira Moderna, da TV Minas. Na ocasião, cantou ao lado
de Nádia Campos e Dércio Marques, que é também um de seus principais parceiros
musicais.
ATUAÇÃO NO CINEMA
Versátil, João Bá fez
participações como ator e compositor de trilhas sonoras. Em 1987, atuou no
filme Fronteira das Almas, dirigido por Hermano Penna. Sua segunda participação
foi em 2000, no longa-metragem Mário, também dirigido por Hermano Penna. Seu
papel foi o de um pescador nativo. Em 2007, assinou a trilha do documentário
Nas Terras do Bem-Virá, de Alexandre Rampazzo, junto com a cantora Nanah Correa
e com o músico Julian Tirado. Outra produção que conta com sua participação é o
documentário em homenagem a Glauber Rocha, Entre o Sertão e o Mar, dirigido por
Tatiana Garcia.
DISCOGRAFIA
Artista independente, João Bá
sempre lançou seus álbuns com recursos próprios ou com apoio de amigos e
parceiros musicais, o que lhe garantiu total liberdade para decidir sobre suas
produções, desde a escolha do repertório até a decisão sobre quais músicos
participariam das gravações. A falta de interesse das grandes gravadoras em
relação à música regional e a recusa do cantor em adotar a linguagem das
rádios, são as principais razões de seu primeiro álbum ter sido lançado somente
22 anos após sua primeira incursão no cenário musical, ainda na época dos
festivais da década de 60. Sem gravadora, Carrancas (álbum) foi produzido com a
ajuda do músico Klécius Albuquerque. As participações especiais foram de
Hermeto Pascoal, Dércio Marques e Vidal França, entre outras. A música Facho de
Fogo, lançada por Diana Pequeno, no disco Eterno como Areia (1979), tornou-se
conhecida pela primeira vez na voz de João Bá. Constam, ainda, obras de
referência como O Menino e o Mar e Ladainha de Canudos. Os álbuns seguintes
seguiram praticamente a mesma proposta adotada em Carrancas, sempre coerentes
com as raízes culturais de João Bá e com uma estética musical muito própria,
além da qualidade dos músicos e das composições.
1988 - Carrancas (álbum) -
Independente LP
1994 - Carrancas I-II -
Independente - CD
1997 - Ação dos Bacuraus
Cantantes - Devil Discos - CD
2003 - Pica-Pau Amarelo
(álbum) - Americano - CD
2004 - 50 Anos de
Carreira - Independente - Coletânea
2005 - Aruanã (álbum) -
Warner-Chapelli/Y Records - Participação Especial
2010 - Meu Amigo Folharal –
Independente - CD
PREMIAÇÕES NO TEATRO
Além do cinema e da
televisão, João Bá teve passagem no teatro. Em 1981, participou do Festival de
Teatro do SESC Consolação, ganhando os prêmios de Melhor Trilha Sonora e Melhor
Figurino, com o espetáculo Marrueiro. Em entrevista concedida à revista HP
Variedades, o músico lembrou desse momento:
Me lembro que das peças que
participei como ator e ajudei no texto, uma foi campeã do Festival de Teatro de
São Paulo, chamada “Marrueiro”. Marrueiro é o maior estágio do vaqueiro. Quando
o vaqueiro chega a esse estágio, é porque ele é doutor do gado. Aí ele sabe
tudo. “Marrueiro” é de Catulo da Paixão Cearense. Nessa peça participei como
ator e fiz quase toda a trilha sonora, com exceção de uma música do Catulo, o
“Luar do Sertão” e outra do Elomar. Também ajudei no texto adaptado de Cassiano
Moreira, um grande ator de teatro. Foi ele quem que me convidou para entrar na
peça, e para olhar o texto. Senti então a necessidade de incluir no texto de
Catulo uma figura saliente, de alto relevo do movimento de vaqueiros no Brasil,
que é a Missão do Vaqueiro, em homenagem ao grande Raimundo Jacob. Ganhamos
três prêmios no festival, inclusive melhor trilha sonora. Fazíamos a música ao
vivo. Isso foi em 81, no Sesc Consolação.
LIVROS
No final de 1982, escreveu o
cordel Natal na Cultura Popular, para a Fundação Roberto Marinho, General
Motors e SESC Carmo, com tiragem de aproximadamente 30.000 exemplares. Sua obra
é referência para estudiosos da cultura popular brasileira e suas composições
são indicadas pelo Ministério da Educação (MEC) na Cartilha de Referencial
Curricular Nacional Infantil – Volume 3.
CURIOSIDADES
Seu primeiro disco,
Carrancas, contou com a participação de Hermeto Pascoal, que é homenageado com
a música Mico-Leão Dourado. João Bá compara seu amigo ao simpático macaquinho
por conta de suas longas barbas e cabelos dourados.
O projeto gráfico de quase
todos os seus discos é assinado pelo artista plástico Elifas Andreato, de quem
João Bá é amigo pessoal.
Quando Luiz Gonzaga morreu,
João Bá foi convidado pela gravadora do artista para ser seu substituto,
chegando a reservar o mesmo figurino de Gonzagão para João Bá. Obviamente, João
recusou o convite.
A origem do sobrenome
"Bá" surgiu de uma engraçada situação na qual o músico, aos 12 anos,
ficou surpreso ao ser questionado pela apresentadora do show de calouros em sua
cidade, qual seria o seu nome artístico. Assustado com a pergunta, o músico,
que preenchia uma ficha com seu nome, parou com a caneta exatamente no
"Ba". A partir de então, João Batista passou a usar o nome artístico
de João Bá.
https://www.4shared.com/mp3/FQ79UvXpfa/Joo_B_-_Carrancas__1989__-_Com.html?
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