Nascido
em Teresina em 1951, Clodo Ferreira pertence a uma família que manteve a
tradição de iniciar os nomes com a mesma letra: Climério, Clésio, Cleonice,
Cristina, Clélia e Cleane - somente a irmã adotiva Heloisa fugiu à regra. A
partir de 1962, a família mudou-se para Brasília, começando pelos irmãos mais
velhos, vindo todos para a nova capital em meados da década, quando o artista
ainda era um adolescente. Logo no princípio, ainda morando na cidade-satélite
de Taguatinga, no Distrito Federal, participou de programas de auditório na
televisão numa dupla que interpretava repertório da Jovem Guarda. Por breve
tempo, foi guitarrista-base do conjunto Quadradões (embrião do futuro grupo
Placa Luminosa), que em seu LP de estreia, em 1968 registrou suas primeiras
composições: Que um dia e Ao entardecer, esta última parceria com Clésio. Em
seguida, passou a se apresentar nas festas familiares e de amigos com a irmã
Cristina.
A
próxima mudança levou o compositor a morar na Asa Norte do Plano Piloto de
Brasília, onde conheceu, em 1968, o compositor Zeca Bahia, seu parceiro mais
frequente nos dez anos que se seguiram. Três anos depois sua composição
“Suzana” (c/ Romildo e Olímpio) foi gravada pelo grupo Matuskela. O mesmo grupo
defendeu suas músicas Placa luminosa (c/ Zeca Bahia) e Sino, sinal aberto,
classificadas em primeiro e segundo lugares no II Festival de Música do CEUB. Começa
aí o reconhecimento de sua história como compositor.
Após se
graduar em Comunicação, mudou-se para São Paulo em 1976, onde conviveu com
Rodger e Teti, integrantes do grupo Pessoal do Ceará. Dessa convivência com
Rodger, resultaram inúmeras parcerias, como “Ponta do lápis”, lançada por
Fagner e Ney Matogrosso. Paralelamente, tornou-se parceiro de Fagner com a
canção Corda de aço, incluída no LP Raimundo Fagner. Ainda neste ano,
participou do programa Mambembe, a vez dos novos (TV Bandeirantes), ao lado dos
dois irmãos, surgindo o trio Clodo, Climério, Clésio, que permaneceu por duas
décadas.
Batizado
com o título de São Piauí, o primeiro LP do trio (1977), produzido por Ednardo,
trazia a música Cebola cortada(c/Petrúcio Maia), lançada simultaneamente por
Fagner no LP “Orós” e depois regravada pela MPB-4 e Milton Nascimento. Também
naquele ano, a canção Velho demais (c/ Zeca Bahia) foi incluída na trilha
sonora da novela “Sem lenço, sem documento”, na interpretação do grupo Placa
Luminosa.
Sue
maior sucesso Revelação (c/ Clésio) está no LP “Eu canto – Quem viver chorará”
(1978), de Fagner. A canção, conhecida nacionalmente, foi incluída na trilha
sonora da novela “Cara a Cara” (TV Bandeirantes/1979) e teve regravações de
Simone, Wando, Razão Brasileira e Engenheiros do Hawaii.
O
segundo LP de Clodo, Climério e Clésio - Chapada do Corisco – é de 1978, ano em
teve mais oito novas músicas gravadas por diversos artistas. Dois anos depois,
o grupo realizou o LP Ferreira, onde aparece a canção Por um triz, de autoria
do trio, também registrada por Nara Leão, que dedicou aos três a única
composição de sua autoria, em parceria com Fagner e Fausto Nilo - Cli, Clê,
Clô. Na época, a composição Meio dia (c/ Fagner) recebeu uma gravação de Zizi
Possi.
A década
de 1980 multiplicou a quantidade de novas canções gravadas por intérpretes
nacionais: Dominguinhos, Guadalupe, Amelinha, Ângela Maria, e Cláudia. Com os
irmãos, criou a trilha sonora do filme A difícil viagem.
Iniciando
a fase independe, o trio produziu o LP Profissão do sonho. Em 1991, Clodo viu a
música “Querubim” (c/ Dominguinhos) incluída na compilação “Forró etc. – Music
of the Brazilian Nordest” - produzida por David Byrne. Em seguida, vieram os LP
independentes Clodo, Climério, Clésio e Afinidade, o último do trio, de 1993.
Sua
carreira individual, entretanto, só começou em 1998 com o CD Corda de aço, uma
mostra de seus maiores sucessos e trazendo a até então inédita Mentira da
saudade. Nos dois anos seguintes, participou das edições anuais do projeto
Temporadas Populares, com Tom Zé e depois com Zé Ramalho da Paraíba. Logo
depois, saiu o único CD do trio - Tiro certeiro – reunindo gravações da fase
independente.
O
segundo CD - Gravura – foi lançado em 2002, todo de músicas inéditas.
Paralelamente, Revelação fez parte do longe metragem Eu não conhecia Tururu, da
atriz e diretora Florinda Bolkan.
Ainda em
2002, passou a se dedicar ao estudo da obra do sambista carioca Sinhô, cujo
repertório apresentou no Clube do Choro, resultando no terceiro CD solo Clodo
Ferreira interpreta Sinhô, de 2005, com 13 composições do compositor carioca,
num trabalho de natureza histórica. Além das atividades acadêmicas ligadas à
música popular, Clodo publicou artigos, livros e realizou pesquisas, sendo
doutor em História Cultural. Atualmente, é aposentado pela Universidade de
Brasília, onde lecionou por 25 anos.
No final
do ano 2015, lançou o mais recente CD – Clodo Ferreira - mantendo o estilo
familiar, seus filhos Pedro Ferreira e João Ferreira têm participado de seus
discos e shows.
Parabéns pela postagem. SImplesmente sensacional. Obrigado.
ResponderExcluirLinda pesquisa sobre esse monstro da musica brasileira.
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