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domingo, 30 de novembro de 2014

CRISTINA BRANCO

O fado no sentido

Na arte e vida de Cristina Branco (Almeirim, 1972) pode dizer-se, como diz a letra de Amália, que traz o fado nos sentidos. O fado atravessou a vida de Cristina por um acaso feliz. De certa maneira, terá sido ela, pela sua ousadia estética e cunho interpretativo muito particular, a atravessar o Fado enquanto fenómeno musical de profundas raízes tradicionais. «Começou por uma brincadeira, um serão de cantigas entre amigos», segundo gosta de recordar. Nada até aqui, adolescente, a diria fadista. Antes de entoar menores, mourarias ou maiores, e logo como gente grande, Cristina não frequentara casas de fado ou escutara o vinil das vozes da tradição. Conhecia alguns fados de ouvido, trauteados pelo avô materno, letras e acordes que repetia de improviso sem ter consciência de como estes se entranhavam, como lhe decidiam o destino. Estava por essa altura mais próxima de Billie Holliday e Ella Fitzgerald, de Janis Joplin e Joni Mitchell do que Amália Rodrigues. Quando o mesmo avô lhe ofereceu pelos seus 18 anos o disco “Rara e Inédita”, obra maior e menos conhecida da grande diva do Fado, não sabia ainda como acabara de lhe mudar a vida para sempre.

Na verdade, escassos meses antes de pisar um palco a primeira vez, em Amesterdão (1996, Zaal100), Cristina nunca se imaginara sequer uma intérprete amadora ou cantadeira de horas vagas como é próprio de muitos fadistas que encontram no fado um pretexto de ócio ou expiação. Se havia fado na sua vida de adolescente, era apenas no mais profundo sentido etimológico da palavra (o fatum, o destino) que a dizia já “fadada” para a palavra. Até 1996, aos 24 anos, duas ou três experiências de canto fortuitas, e arrancadas a custo da sua timidez histórica, eram tudo o que havia feito publicamente enquanto “cantora”.

O Jornalismo era “a arte” que procurava. Talvez por isso, hoje e sempre, as palavras (os redondos vocábulos, como lhes chama) rejam todos os seus discos, todas as suas intervenções, todos os seus projectos em curso. Cantora de poetas, os maiores de Portugal (Camões, Pessoa, David Mourão Ferreira, José Afonso…), e alguns do mundo (como Paul Éluard, Léo Ferré, Alfonsina Storni ou Slauerhoff), Cristina Branco fez do seu modo de entender o fado uma espécie de porta-voz da Poesia e da Literatura do cancioneiro nacional. Por isso mesmo, os seus pares reconhecem-lhe, como marca de personalidade humana e artística, um fortíssimo e muito sincero pendor poético. Traço maior aliado a uma exigência ainda maior com os rigores da dicção e a clareza da palavra que na hora de ser voz (de uma límpida volúpia) é como se desse corpo à alma contida no poema.

Depois, do Fado espera-se em demasia que este traduza o sentimento trágico da vida: o sofrimento, a saudade e a impotência perante o destino. A tradição já longa do Fado depositou algumas “fórmulas” para dar voz a esses sentimentos, cuja invariável repetição tem conduzido à delapidação desse tesouro expressivo, ao seu inevitável esvaziamento emocional, ao sobrevoar das palavras pelos cantores. Porém, e ao arrepio dos cânones mais ensimesmados do Fado dito tradicional, o caminho de Cristina Branco tem sido outro: autónomo, singular e muitas vezes ébrio de alegria (como no tema iconográfico da sua carreira «Sete Pedaços de Vento», in Ulisses). No mínimo, o caminho do Fado de Cristina reveste-se da volúpia do aborrecimento.

Sem procurar uma ruptura ingénua com a tradição, antes procurando o que nela há de melhor (oiçam-se alguns dos "clássicos" por ela cantados), Cristina Branco reanima a tradição com a sua originalidade. Em todos os seus discos tem procurado o exigente convívio dos textos com a musicalidade inata do fado.

Cristina Branco reúne toda a emoção que o género podia conter na sua íntima ligação entre voz, poesia e música. Tal como outros jovens músicos que, desde meados dos anos 90, encontraram no Fado a sua forma de expressão, contribuindo para uma surpreendente renovação da Canção de Lisboa, Cristina Branco começou a definir o seu percurso, onde o respeito pela tradição caminha lado a lado com o desejo de inovar. Se nada na vida de Cristina indicava que o seu destino seria o fado, temos hoje de admitir que Cristina Branco está a criar um estilo senão “raro”, certamente “inédito”.

Pontos Altos

A cantora grava "Cristina Branco Live in Holland", em edição de autor, registado ao vivo em dois concertos realizados no dia 25 de Abril de 1996. Foram feitos mil exemplares "que se venderam imediatamente", logo seguidos por novas edições sucessivas, até se chegar aos 5000 discos vendidos.

Edita o disco "Murmúrios" pela editora holandesa Music & Words. O disco reúne 14 temas, desde fados tradicionais como "Abandono" (imortalizado por Amália, com texto de David Mourão-Ferreira) a versões de Sérgio Godinho ("As certezas do meu mais brilhante amor") ou de Luís Vaz de Camões, com música de José Afonso ("Pombas brancas"). A maioria dos temas tem assinatura de Maria Duarte, autora dos textos, e músicas de Custódio Castelo.

Recebe, em França, em 1999, o Prix Choc da revista "Le Monde de la Musique" pelo melhor disco de “Música do Mundo”.

Em Fevereiro de 2000 sai o álbum "Post-Scriptum" (título de um poema de Maria Teresa Horta). Conquistou o Prix Choc, desta vez para o melhor álbum do mês de Março, em França.

Na Holanda edita o disco "Cristina Branco Canta Slauerhoff", o segundo desse ano, com textos do poeta holandês J. J. Slauerhoff (1925-1976) Jan S. (1898-1936), com tradução de Mila Vidal Paletti e música de Custódio Castelo. O disco constitui como que uma prova de agradecimento de Cristina Branco ao país que lhe abriu as portas do sucesso embora nunca tenha vivido na Holanda.

Durante o ano de 2000, a cantora realizou cerca de 130 espectáculos por todo o mundo. O disco "Corpo Iluminado", o primeiro com edição da Universal Music Classics França, foi editado em 2001.

Em 2002 é reeditado "O Descobridor", novo título para o disco onde canta Slauerhoff, com três novos temas.

O sexto álbum de Cristina Branco, de título "Sensus" foi editado pela Universal, no dia 24 de Março de 2003. A música é assinada por Custódio Castelo. O álbum conta com letras de David Mourão-Ferreira, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Eugénio de Andrade, Camões e Shakespeare, entre outros.

"Ulisses" é o nome do disco seguinte, editado em 2005.

Em 2006 é editado «Live», um registo ao vivo, tributo a Amália Rodrigues.

Em 2007, com “Abril”, revisita a obra do cantautor Zeca Afonso.

Em Março de 2009, Cristina Branco Cristina Branco deu a conhecer o seu novo disco, “Kronos”, que tem por tema unificador o Tempo e é constituído por canções inéditas compostas por uma dezena de criadores muito diferentes: José Mário Branco, Sérgio Godinho, Amélia Muge, Rui Veloso, Vitorino, Janita Salomé, Maestro Victorino d’Almeida, Mário Laginha, Carlos Bica, João Paulo Esteves da Silva e Ricardo Dias.

Em 2010, Cristina Branco é o rosto português escolhido pelo pintor Júlio Pomar como inspiração para a criação de um selo e serigrafia comemorativos do centenário da República Portuguesa.
Em Junho deste mesmo ano, Cristina Branco, juntamente com Carlos Bica e João Paulo Esteves da Silva, enfrenta um desafio invulgar, ao participar no festival de homenagem a Robert Schumann, em Dusseldorf, projecto posteriormente apresentado no CCB e no Goethe Institut do Porto.

Cristina Branco começa o ano de 2011 com uma participação na tournée anual de Ano Novo da Sinfonietta de Amsterdam. Depois de músicos como Bobby McFerrin, Chick Corea e Roby Lakatos, e depois de ter participado já nesta tour em 2006, Cristina Branco volta a acompanhar a orquestra, numa série de seis concertos.

Também em 2011, Cristina Branco apresenta o seu novo trabalho “Não há só Tangos em Paris”, de onde sairão palavras de Manuela de Freitas, António Lobo Antunes, Vasco Graça Moura, Carlos Tê, ou Miguel Farias, vestidas por sons saídos da inventiva de Mário Laginha, João Paulo Esteves da Silva, Pedro Moreira e também a música de Jacques Brel, Carlos Gardel e Isolina Carrillo, - unificadas pela voz simultaneamente suave e profunda da cantora… Novas sonoridades mas com o Fado sempre presente.

Entre 2011 e 2012, Cristina Branco apresenta “Não há só Tangos em Paris” em mais de cem concertos, um pouco por todo o mundo. Vai à América do Sul e ao Médio Oriente e, percorrendo a Europa, chega quase ao círculo polar, com duas digressões na Escandinávia. A estes concertos, juntam-se ainda mais de duas dezenas de outros projectos especiais em parceria com outras formações, entre os quais se destaca a participação da cantora no concerto de abertura de Guimarães, Capital Europeia da Cultura.

Fevereiro de 2013 assiste ao lançamento do 12º CD da cantora – “Alegria” - um retrato, com tanto de cru como de irónico e sensível, do homem e da mulher de todos os dias, do café, do fim da rua, do virar da esquina, de qualquer parte do país ou largado no mundo. Para dar corpo e a alma às personagens de “Alegria”, Cristina Branco contou com a colaboração de alguns dos seus poetas e compositores favoritos: Manuela de Freitas, Gonçalo M. Tavares, Miguel Farias, Jorge Palma, João Paulo Esteves da Silva, Pedro Silva Martins, Mário Laginha, Ricardo J. Dias, são os responsáveis pelos temas originais do álbum que inclui também temas compostos por Sérgio Godinho, Chico Buarque e Joni Mitchell.

E depois de dezassete anos de carreira e de centenas de canções gravadas e cantadas em palcos de todo o mundo, Cristina entendeu que era altura de fazer uma espécie de balanço. Um balanço dinâmico, sem nostalgias inúteis e virado para o futuro. Daí resultou uma escolha nem sempre fácil, feita a partir de um repertório rico e variado, uma espécie de “lista ideal”; apontados para o futuro há três temas novos que integram o triplo CD: um fado tradicional e duas canções originais com letras de Mário Cláudio. Os novos temas juntam-se à “lista ideal” das canções saídas do grande baú dos treze discos gravados, o que, somado aos ideais estéticos, interpretativos e de vida de Cristina Branco, teve como resultado o triplo CD “Idealist”.

Discografia

1 - Cristina Branco in Holland (CD, Ed. Autor, 1997)
2 - Murmúrios (CD, Music & Words, 1998)
3 - Post-Scriptum (CD, L'Empreintdigitale/Harmonia Mundi, 1999) - reeditado em 2000 com um novo tema
4 - Cristina Branco canta Slauerhoff (CD, 2000)
5 - Corpo Iluminado (CD, Universal, 2001)
O Descobridor (CD, Universal, 2002) - reedição de Slauerhoff
6 - Sensus (CD, Universal, 2003)
7 - Ulisses (CD, Universal, 2005)
8 - Live (CD, Universal, 2006)
9 - Abril (CD, Universal, 2007)
10 - Kronos (CD, Universal, 2009)
11 - Não há só Tangos em Paris (CD, Universal, 2011) (Fado /Tango na edição internacional)
12 - Alegria (CD, Universal, 2013)
13 - Idealist (CD, Universal, 2014)



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